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Hino do município de Balneário Piçarras
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2022-08-24T13:38:24Z
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{{hino
|obra=Hino do município de [[w:Balneário Piçarras|Balneário Piçarras]]
|letra por=Joel Antônio Miranda “Lico”
|melodia por= Jamil, a lenda
|notas=
}}
<poem>
Piçarras é a noiva do mar
Aos Turistas tu és atraente
O sol em ti nasce mais cedo
Para aquecer a tua gente
A praia que te pertence
É um orgulho ao litoral catarinense
A praia que te pertence
É um orgulho ao litoral catarinense
Teus filhos devem se orgulhar
Tu és tão bela que o oceano vem beijar
Da natureza és imortal
Tu tens as cores da bandeira nacional
Beleza encanto mil
Ocupas bem, um pedacinho do Brasil
Beleza encanto mil
Ocupas bem, um pedacinho do Brasil
Com o vento que sopra do sul
Piçarras teu mar é mais azul
O sol com seu esplendor
Espalha em ti raios de amor
Para quem vem te visitar
Já dentro em breve tem vontade de voltar.
Para quem vem te visitar
Já dentro em breve tem vontade de voltar.
Já dentro em breve tem vontade de voltar.
</poem>
[[Categoria:Hinos de Santa Catarina|Balneario Picarras]]
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História da Mitologia/XVII
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|obra=[[História da Mitologia]]<BR>
|autor=Thomas Bulfinchj
|anterior=[[História da Mitologia/XVI|XVI - Os Monstros - Os Gigantes - A Esfinge - Pégaso e Quimera - Os Centauros - Os Grifos - Os Pigmeus]]
|posterior=[[História da Mitologia/XVIII|XVIII - Meleagro e Atlanta]]
|seção= XVII - O Velocino de Ouro - Medeia
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{{multicol}}<div class="prose"><div style="text-align:justify">
<center>
== Capítulo XVI ==
=== [[:w: Velo de ouro|O Velocino de Ouro]] ===
</center>
[[File:Château de Versailles, salon de Diane, Jason et les Argonautes débarquant en Colchide, Charles de La Fosse.jpg|thumb|center|500px|<center>Jasão e os Argonautas desembarcam em [[:w:Cólquida|Cólquida]], no [[:w:Cáucaso|Cáucaso]]<br>ilustração de [https://en.wikipedia.org/wiki/Charles_de_La_Fosse Charles de La Fosse (1636–1716)].</center>]]
Há muitos e muitos anos atrás viviam na [[:w:Tessália|Tessália]] um rei e uma rainha chamados [[:w:Atamante| Atamante]] e [[:w:Nefele|Nefele]]. Eles tiveram dois filhos, um menino e uma menina. Passado certo tempo, Atamante começou a sentir indiferença por sua esposa, a repudiou, e teve uma outra mulher. Nefele sentiu que seus filhos corriam perigo com a influência da madrasta, e tomou providências para que se livrassem dela. [[:w:Mercúrio|Mercúrio]] a auxiliou, e deu a ela um carneiro com um [[:w:Velo de ouro|velocino de ouro]], onde ela colocou as duas crianças, confiando que o carneiro encontraria para eles um lugar seguro. O carneiro saltou no ar com as crianças nas costas, e tomou seu rumo para o Oriente, até o ponto em que, cruzando o estreito que divide a Europa da Ásia, a garota, cujo nome era [[:w:Hele|Hele]], caiu das costas do carneiro no mar, e esse local, por causa dela, passou a ser conhecido como Helesponto, -- atual [[:w:Dardanelos|Dardanelos]].
O carneiro continuou seu curso até que chegou ao reino de [[:w:Cólquida|Cólquida]], na costa oriental do Mar Negro, onde deixou o menino [[:w:Frixo|Frixo]], são e salvo, que foi gentilmente recebido por [[:w:Eetes| Eetes]], rei daquele país. Frixo sacrificou o carneiro em homenagem a Júpiter, e presenteou o velocino de ouro para Eetes, que o colocou numa gruta sagrada, aos cuidados de um dragão que nunca dormia. Havia também um outro reino na Tessália, perto do de Atamante, e que era governado por um parente dele. O rei [[:w:Esão|Esão]], sentindo-se entediado das rédeas do governo, entregou a coroa ao seu irmão [[:w:Pélias|Pélias]] sob a condição que ele deveria mantê-lo somente durante a menoridade de [[:w:Jasão|Jasão]], filho de Esão.
Quando Jasão cresceu e veio exigir a coroa de seu tio, Pélias fingiu que desejava entregar a coroa, mas, ao mesmo tempo, sugeriu ao jovem a gloriosa aventura de partir em busca do Velocino de Ouro, que ele bem sabia que estava no reino de Cólquida, e era, como Pélias costuma dizer, propriedade legítima da família. Jasão ficou contente com a sugestão, e para isso fez todos os preparativos para a expedição. Naquela época as únicas formas de navegação conhecida pelos gregos eram os barcos ou canoas feitas dos troncos de árvores, de modo que, quando Jasão pediu a [[:w:Argos (filho de Frixo)|Argos]] para que ele lhe construísse um navio com capacidade para cinquenta tripulantes, isso foi considerado uma obra colossal.
E assim foi feito, todavia, e o navio foi batizado com o nome de "Argo," seu construtor. Jasão mandou convidar todos os jovens aventureiros da Grécia, e lá estava ele no comando de um grupo de jovens valorosos, muitos dos quais, posteriormente, se tornaram renomados entre os herois e semi-deuses da Grécia. [[:w:Hércules|Hércules]], [[:w:Teseu|Teseu]], [[:w:Orfeu|Orfeu]], e [[:w:Nestor| Nestor]] estavam entre eles. Eles eram chamados de Argonautas, tirado do nome do navio. O "Argo" com a sua tripulação de herois partiu da costa da Tessália e ao tocar a ilha de [[:w:Lemnos|Lemnos]], daí partiu para a [[:w:Mísia|Mísia]], e de Mísia para a [[:w:Trácia|Trácia]].
Aqui eles encontraram o sábio [[:w:Fineu (rei da Trácia)| Fineu]], e dele receberam instruções para a viagem que seguiriam. Parece que a entrada do [[:w:Mar Negro|mar Euxino]] estava obstruída por duas pequenas ilhas rochosas, que flutuavam na superfície, e devido aos movimentos das ondas, ocasionalmente elas se juntavam, esmagando e moendo a fragmentos qualquer objeto que ficasse preso entre elas. Elas eram chamadas de [[:w:Simplégades|Simplégades]], ou Ilhas da Colisão. Fineu ensinou os Argonautas como eles deveriam atravessar este perigoso estreito. Quando eles chegaram às ilhas, eles soltaram uma pomba, que passou por entre os rochedos, atravessando com segurança, perdendo apenas algumas penas da cauda.
Jasão e sua tripulação tiraram vantagem do melhor momento do recuo entre as ilhas, empunharam seus remos com todo vigor, e atravessaram com segurança, embora a ilha tivesse se fechado bem detrás deles, tendo arranhado a parte da popa do barco. Eles então, remaram pelo litoral até que chegaram na extremidade oriental daquele mar, e desembarcando no reino de Cólquida. Jasão mandou mensageiros para o rei de Cólquida, Eetes, que concordou em devolver o Velocino de Ouro se Jasão concordasse que dois touros cuspidores de fogo, com patas de bronze, realizassem o trabalho do arado, e semeasse os dentes de dragão que [[:w:Cadmo|Cadmo]] havia matado, e do qual todos sabiam que uma colheita de homens armados iria brotar, os quais voltariam suas armas contra aqueles que os semearam.
Jasão aceitou as condições, e uma hora foi marcada para a realização dos experimentos. Antecipadamente, contudo, ele encontrou meios de apresentar sua causa para [[:w:Medeia|Medeia]], filha do rei. Ele prometeu que se casaria com ela, e quando eles estavam diante do altar de [[:w:Hécate|Hécate]], invocaram a deusa para o testemunho do juramento. Medeia concordou, e com a ajuda dela, pois ela era uma feiticeira poderosa, Jasão foi dotado de um encanto, por meio do qual ele poderia se proteger com segurança da chama dos touros cuspidores de fogo e das armas da produção de guerreiros. Na hora marcada, as pessoas se reuniram no Bosque de [[:w:Marte|Marte]], e o rei assumiu seu trono real, enquanto a multidão protegia as encostas.
Os touros de patas de bronze avançaram, soltando fogos das narinas, que queimavam a relva quando passavam. O ruído era parecido com o troar de uma fornalha, e a fumaça era como da água quando jogada sobre a cal viva. Jasão avançou corajosamente para encontrar-se com eles. Seus amigos, os heróis preferidos da Grécia, tremiam ao contemplá-lo. Apesar do bafo flamejante, ele acalmou com suas palavras o ódio dos animais, fazendo carinho em seus pescoços com mãos corajosas, e habilmente colocou o jugo sobre eles, obrigando-os a arar a terra. Os habitantes de Cólquida estavam exultantes; os gregos gritavam de alegria.
Jasão, em seguida, passou a semear os dentes de dragões, arando logo depois.
E assim que surgiu a colheita de homens armados, e, oh, como é delicioso relatar esta história! mal tinham eles surgido na superfície e já começaram a brandir suas armas e avançaram contra Jasão. Os gregos tremiam pelo seu herói, e até mesmo aquela que ensinou a ele as formas de segurança, e as maneiras de se proteger, a própria Medeia, ficou pálida de medo. Jasão, durante algum tempo, manteve os atacantes acuados com a sua espada e o seu escudo, até que, devido ao número excessivo deles, teve de recorrer ao encanto que Medeia lhe havia ensinado, pegando uma pedra e atirando-a no meio de seus inimigos. Eles imediatamente viraram suas armas uns contra os outros, e logo não havia nenhum ficado vivo do grupo dos dragões.
Os gregos abraçaram o heroi, e Medeia, caso pudesse ousar, o teria abraçado também. Faltava adormecer o dragão, que vigiava o velocino, e isso foi conseguido espirrando sobre ele algumas gotas de um preparado que Medeia havia fornecido. Ao sentir o cheiro, o animal relaxou a sua fúria, ficou imóvel por alguns momentos, e depois cerrou seus grandes olhos redondos, que se sabia jamais ter sido fechado antes, e virando-se de lado, caiu em profundo sono. Jasão pegou o velocino e acompanhado de seus amigos e Medeia, apressou-se em chegar ao navio antes que Eetes o rei pudesse impedir-lhes a partida, e fizeram a melhor viagem de retorno à Tessália, onde chegaram salvos, e Jasão entregou o velocino a Pélias, e dedicou o "Argo" a [[:w:Neptuno (mitologia)|Netuno]].
O que aconteceu com o velocino depois, não temos conhecimento, mas talvez tenham achado no final das contas, a maneira de outros prêmios dourados, não ter valido o esforço e o custo de conquistá-lo. Esta é apenas uma das histórias mitológicas, diz um escritor recentemente, em que há razão para acreditar que existe um substrato de verdade, embora sobrecarregado por uma massa de ficção. Talvez esta tenha sido a primeira expedição marítima importante, e como as primeiras tentativas desse tipo de todas as nações, pelo que conhecemos da história, talvez tenha até certo ponto alguns toques de pirataria.
Se o resultado foi os ricos despojos, com certeza foi o bastante para dar origem à lenda do Velocino de Ouro. Uma outra sugestão de um sábio mitologista, [[:w:Jacob Bryant|Jacob Bryant (1715–1804)]]<ref>Jacob Bryant (1715–1804) foi um erudito e mitógrafo britânico.</ref>, é de que esta seja uma tradição corrompida da história de Noé e de sua arca. o nome "Argo" parece confirmar este fato, e o incidente da pomba é uma outra confirmação. Pope, em sua "Ode ao Dia de Santa Cecília," assim celebra o lançamento do navio "Argo," e o poder da música de Orfeu, a quem ele chama de trácio:
"Então, quando o primeiro e corajoso barco enfrentou os mares,
No alto da popa, o trácio aumentou a tensão
Enquanto Argo observa as árvores, de onde surgiu
Descendo o Pelião<ref>Pelião: nome de um maciço montanhoso situado na [[:w:Tessália|Tessália]].</ref> até o continente.
Semideuses viajantes se aglomeravam,
E homens comuns se tornavam heróis."
No poema “O Velocino” de [[:w:George Dyer|George Dyer (1755–1841)]]<ref> George Dyer (1755–1841) foi um poeta clássico e escritor prolífico britânico.</ref> há um relato sobre o navio "Argo" e sua tripulação, que oferece uma imagem pitoresca sobre esta aventura marítima e primitiva:
"Vindos de todas as regiões do litoral do Egeu
Reunem-se os herois; os gêmeos ilustres
[[:w:Castor e Pólux|Castor e Pólux]]; Orfeu, o bardo cantador;
Enquanto, [[:w:Zetes|Zetes]] e [[:w:Calais (argonauta)|Calais]], tão velozes quanto o vento;
Hercules o invencível e outros líderes renomados.
Avançam para a profunda costa litorânea,
Com armaduras reluzentes, ávidos de combate;
E logo, a corda do loureiro e a pedra imensa
São içadas até o convés, alçando as âncoras;
Cuja quilha de comprimento majestoso,
A hábil mão de Argos moldou a orgulhosa tentativa;
E na quilha estendida um mastro gigante
É levantado, e as velas inflam por completo;
Objetos não usuais para os líderes.
E agora enfrentam pela primeira vez
O ousado avanço sobre as ondas do oceano,
Conduzido por estrelas douradas, as Chiron's art
Como a arte de Quíron havia assinalado a esfera celestial," etc.
Hercules deixou a expedição em Mísia, porque [[:w:Hilas|Hilas]], um jovem amado por ele, que, tendo ido buscar água, foi dominado e aprisionado pelas ninfas da fonte, que ficaram fascinadas pela sua beleza.
Hercules foi em busca do jovem, e enquanto ele esteve ausente, o "Argo" se pôs ao mar, deixando-o. [[:w:Thomas Moore|Thomas Moore (1779-1852)]], em uma de suas canções, faz uma bela alusão a este incidente:
"Quando Hilas foi mandado com seu cântaro para buscar água,
Atravessando campos iluminados e com o coração jovial,
A luz iluminava o garoto pelos prados e montanhas,
Que se esqueceu da tarefa por causa das flores do caminho.
"Assim, muitos como eu, que na juventude experimentaram
A fonte que corre pelo sudário da filosofia,
Desperdiçando seu tempo com as flores, sentado nas margens,
Deixaram seu cântaro tão vazio quanto o meu."
</center>
<center>
=== [[:w:Medeia|Medeia]] e [[:w:Esão|Esão]] ===
[[File:Aeson medea.jpg |thumb|center|300px|<center>Medeia ressuscita Esão.<br>ilustração de [https://en.wikipedia.org/wiki/Nicolas-Andr%C3%A9_Monsiau Nicolas-André Monsiau (1754–1837)].</center>]]
</center>
Entre as alegrias pela reconquista do Velocino de Ouro, Jasão sentiu que uma coisa estava faltando, a presença de Esão, seu pai, que estava impedido de participar por causa de sua idade e por motivos de doença.
Jasão disse para Medeia, "Minha esposa, desejaria que tuas artes, cujos poderes se mostraram tão poderosos no tocante a mim, pudessem me prestar mais um serviço, tirando alguns anos da minha vida e acrescentando-os à vida de meu pai." Medeia respondeu, "Não por um custo tão alto isso será feito, porém, se a minha arte me for propícia, a vida dele será prolongada sem a necessidade de abreviar a tua." Na próxima lua cheia ela saiu sozinha, quando todas as criaturas dormiam; nem uma brisa soprava a folhagem, e o silêncio era completo. Dirigiu seus encantamentos para as estrelas, e para a lua; à [[:w:Hécate|Hécate]],<ref> Hécate era uma divindade misteriosa, algumas vezes identificada como Diana e algumas vezes como Prosérpina. Como Diana representa o esplendor lunar da noite, então, Hécate representa a escuridão e o terror. Ela era a deusa da bruxaria e da feitiçaria, e acreditava-se que ela vagava de noite pela Terra, sendo vista somente pelos cães, cujos latidos denunciavam a sua aproximação.</ref>a deusa do submundo, e a [[:w:Telo (mitologia)|Telo]] a deusa da Terra, que através de seus poderes produz plantas fortíssimas para o encantamento. Ela invocou os deuses das florestas e das cavernas, das montanhas e dos vales, dos lagos e dos rios, dos ventos e dos vapores.
Enquanto ela falava, as estrelas brilhavam mais intensamente, e nesse instante, uma carruagem vindo do espaço, puxada por serpentes voadoras. Ela subiu na carruagem, e voando alto viajou para regiões distantes, onde cresciam plantas poderosas que ela sabia como escolher para seus propósitos. Nove noites foram necessários para sua busca, e durante esse período não voltou para o interior de seu palácio nem debaixo de qualquer teto, e evitou qualquer contato com os mortais.
Em seguida, ela erigiu dois altares, o primeiro para Hécate, o outro para [[:w:Hebe|Hebe]], a deusa da juventude, e sacrificou uma ovelha negra, espalhando libações de leite e vinho.
Ela implorou a [[:w:Plutão (mitologia)|Plutão]] e a sua noiva raptada para que eles não tivessem pressa em tirar a vida do velhinho. Então, ela ordenou que Esão fosse trazido até ela, e fazendo-o cair em sono profundo através de um encanto, fê-lo deitar num leito de ervas, como um morto. Jasão e todos os outros foram mantidos afastados do local, para que olhos profanos não pudessem contemplar seus mistérios. E com os cabelos soltos, deu três voltas em torno dos altares, mergulhando em sua corrente sanguínea ramos flamejantes, e deixando-os ali para queimar. Enquanto isso, o caldeirão com seu conteúdo tinha sido preparado.
Dentro dele ela colocou as ervas mágicas, com sementes e flores de um suco picante, pedras do extremo oriente, e areia da praia de todo oceano ao redor; alva geada, colhia ao luar, cabeça e asas de uma coruja barulhenta, e as entranhas de um lobo. Ela adicionou fragmentos de cascos de tartarugas, e o fígado de um veado, -- animais resistentes à vida, -- e a cabeça e o bico de um corvo, que ultrapassa nove gerações dos humanos.
Tudo isso com muitas outras coisas "cujos nomes são desconhecidos", ela cozinhou junto para o trabalho em questão, agitando sempre com um galho seco de oliveira; e de repente! o galho ao ser retirado ficou verde instantaneamente, e pouco depois ficou coberto de folhas e grande quantidade de frutos tenros; e, enquanto o caldo fervia e borbulhava, e algumas vezes transbordava, a relva, adquiria o verdor semelhante ao da primavera, sempre que os borrifos espirravam. Vendo que tudo estava pronto, Medeia cortou a garganta do velho e removeu todo o seu sangue, e derramou em sua boca e em seus ferimentos os sucos do seu caldeirão.
Assim que o velho sorveu completamente o suco, seus cabelos e barba cobertos de brancura, assumiram a cor negra da mocidade; a palidez e a magreza desapareceram por completo; suas veias se encheram de sangue, e seus membros de vigor e resistência. Esão ficou encantado consigo mesmo, e se lembra de que da maneira como se encontra agora, ele está em seus dias de juventude, há quarenta anos atrás.
Medeia usou aqui seus poderes para uma finalidade louvável, porém, não foi assim em outra circunstância, quando ela os utilizou como instrumento de vingança. Pélias, como nossos leitores devem se lembrar, era o tio usurpador de Jasão, e que se apoderara de seu reino. No entanto, ele deve ter tido algumas boas qualidades, pois suas filhas o amavam, e quando elas viram o que Medeia havia feito por Esão, elas desejaram que ela fizesse o mesmo pelo pai delas. Medeia fingiu concordar, e preparou as suas poções como fizera antes. A seu pedido foi trazido um carneiro velho que foi mergulhado no caldeirão.
Não demorou muito e ouviu-se um berro dentro da caldeira, e quando a tampa foi removida, um cordeiro saltou de dentro e correu brincando pelos campos. As filhas de Pélia, encantadas, assistiam ao experimento, e combinaram uma hora para que o pai delas fosse submetido ao mesmo tratamento. Mas Medeia preparou um caldeirão para ele de maneira muito diferente. Ela colocou somente água e algumas ervas comuns. À noite, ela com as irmãs entraram no dormitório do velho rei, enquanto ele e seus guardas dormiam profundamente sob a influência de uma magia feita pela própria Medeia.
As filhas ficaram ao lado da cama com suas armas fora da bainha, mas hesitaram em usá-las, até que Medeia censurou-lhes a irresolução. Então, elas viram o rosto, e desferindo golpes ao acaso, elas o feriram com suas armas. Ele, acordando de repente, gritou, "Minhas filhas, o que vocês estão fazendo? Estão matando o pai de vocês?" Elas perderam a coragem e suas armas caíram de suas mãos, porém, Medeia desferiu nele o golpe fatal, impedindo-o de falar para sempre.
Então, elas o colocaram no caldeirão, e Medeia se apressou em partir em sua carruagem puxada por serpentes, antes que sua deslealdade fosse descoberta, pois a vingança das filhas seria terrível. Ela fugiu, todavia, teve poucas alegrias com os frutos do seu crime. Jasão, por quem ela tinha feito tantas coisas, e desejando casar com Creusa, princesa de Corinto, repudiou Medeia. Ela, furiosa com a sua ingratidão, invocou os deuses da vingança, enviando um vestido envenenado como presente para a noiva, e depois matou seus próprios filhos, e incendiou o palácio, subiu em sua carruagem puxada por serpentes e fugiu para Atenas, onde ela casou com o rei [[:w:Egeu (mitologia)|Egeu]], pai de [[:w:Teseu|Teseu]], e vamos encontrá-la novamente quando ficarmos sabendo das aventuras daquele heroi.
Os encantamentos de Medeia irão recordar o leitor das bruxas de "Macbeth." Os versos seguintes são aqueles que mais contundentemente recordam o modelo antigo:
[[Ficheiro:Eugène Ferdinand Victor Delacroix 031.jpg|thumb|center|300px|<center>Medeia<br>ilustração de [[:w:Eugène Delacroix|Eugène Delacroix (1798–1863)]].</center>]]
"Rodai em torno do caldeirão;
Lançai as entranhas peçonhentas.
Um pedaço de serpente do pântano
Ferva e cozinho dentro do caldeirão;
Olhos de salamandra e pés de sapo,
Penugem de morcego e língua de cão,
Dentes de víbora e ferrão de [[:w:Licranço|Licranço]],
Pernas de lagarto e asas de coruja:
Bucho do voraz tubarão de água salgada,
Raiz de cicuta retirada durante a noite," etc
--Macbeth, Ato IV, Cena 1
E também:
Macbeth.—Que estais fazendo?
Bruxas,--Coisas que não se podem dizer o nome.
Há uma outra história sobre Medeia quase revoltante demais mesmo para o relato de uma feiticeira, uma classe de pessoas a quem tanto os poetas antigos como os modernos se habituaram a atribuir todos os tipos de atrocidades. Durante a sua fuga de Cólquida ela havia levado consigo seu irmão caçula [[:w:Absirto|Absirto]]. Ao perceber a aproximação dos navios de Eetes, que estavam em perseguição aos Argonautas, deixou que o jovem fosse morto e seus membros fossem atirados ao mar. Eetes, ao chegar no local, encontrou os vestígios que assinalavam o assassinato de seu filho; porém, enquanto ele estava recolhendo os fragmentos dispersos para oferecer a ele um sepultamento honroso, os Argonautas escaparam.
Nos poemas de Campbell poderemos encontrar uma tradução de um dos refrões da tragédia de "Medeia," onde o poeta Eurípides tirou vantagem desse momento para prestar um brilhante tributo a Atenas, sua terra natal. Começando deste jeito:
"Oh rainha desvairada! para Atenas diriges
Tua carruagem reluzente, impregnada com sangue familiar;
Ou procuras ocultar teu infame parricídio
Onde a paz e a justiça habitarão para sempre?"
== Links Externos ==
* [http://www.platos-academy.com/archives/jason_and_the_golden_fleece.html Jasão e o Velocino de Ouro]
* [http://ancientrome.ru/art/artworken/img.htm?id=1301 Jasão trazendo o velocino de ouro] para [[:w:Pélias|Pélias]], rei de [[:w:Iolco|Iolco]] na [[:w:Tessália|Tessália]]
* [http://ferrebeekeeper.wordpress.com/tag/golden-fleece/ O dragão de Cólquida]
<center>
=== Notas e Referências do Tradutor ===
</center>
<references />
[[en:The Age of Fable/Chapter XVII]]
[[Categoria:História da Mitologia]]
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468115
468113
2022-08-25T07:00:41Z
DARIO SEVERI
12097
Desfez a edição 468113 de [[Special:Contributions/2804:14C:8784:AE0A:480D:409:3A58:FEE0|2804:14C:8784:AE0A:480D:409:3A58:FEE0]] ([[User talk:2804:14C:8784:AE0A:480D:409:3A58:FEE0|discussão]])
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{{tradução}}
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|obra=[[História da Mitologia]]<BR>
|autor=Thomas Bulfinch
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== Capítulo XVI ==
=== [[:w: Velo de ouro|O Velocino de Ouro]] ===
</center>
[[File:Château de Versailles, salon de Diane, Jason et les Argonautes débarquant en Colchide, Charles de La Fosse.jpg|thumb|center|500px|<center>Jasão e os Argonautas desembarcam em [[:w:Cólquida|Cólquida]], no [[:w:Cáucaso|Cáucaso]]<br>ilustração de [https://en.wikipedia.org/wiki/Charles_de_La_Fosse Charles de La Fosse (1636–1716)].</center>]]
Há muitos e muitos anos atrás viviam na [[:w:Tessália|Tessália]] um rei e uma rainha chamados [[:w:Atamante| Atamante]] e [[:w:Nefele|Nefele]]. Eles tiveram dois filhos, um menino e uma menina. Passado certo tempo, Atamante começou a sentir indiferença por sua esposa, a repudiou, e teve uma outra mulher. Nefele sentiu que seus filhos corriam perigo com a influência da madrasta, e tomou providências para que se livrassem dela. [[:w:Mercúrio|Mercúrio]] a auxiliou, e deu a ela um carneiro com um [[:w:Velo de ouro|velocino de ouro]], onde ela colocou as duas crianças, confiando que o carneiro encontraria para eles um lugar seguro. O carneiro saltou no ar com as crianças nas costas, e tomou seu rumo para o Oriente, até o ponto em que, cruzando o estreito que divide a Europa da Ásia, a garota, cujo nome era [[:w:Hele|Hele]], caiu das costas do carneiro no mar, e esse local, por causa dela, passou a ser conhecido como Helesponto, -- atual [[:w:Dardanelos|Dardanelos]].
O carneiro continuou seu curso até que chegou ao reino de [[:w:Cólquida|Cólquida]], na costa oriental do Mar Negro, onde deixou o menino [[:w:Frixo|Frixo]], são e salvo, que foi gentilmente recebido por [[:w:Eetes| Eetes]], rei daquele país. Frixo sacrificou o carneiro em homenagem a Júpiter, e presenteou o velocino de ouro para Eetes, que o colocou numa gruta sagrada, aos cuidados de um dragão que nunca dormia. Havia também um outro reino na Tessália, perto do de Atamante, e que era governado por um parente dele. O rei [[:w:Esão|Esão]], sentindo-se entediado das rédeas do governo, entregou a coroa ao seu irmão [[:w:Pélias|Pélias]] sob a condição que ele deveria mantê-lo somente durante a menoridade de [[:w:Jasão|Jasão]], filho de Esão.
Quando Jasão cresceu e veio exigir a coroa de seu tio, Pélias fingiu que desejava entregar a coroa, mas, ao mesmo tempo, sugeriu ao jovem a gloriosa aventura de partir em busca do Velocino de Ouro, que ele bem sabia que estava no reino de Cólquida, e era, como Pélias costuma dizer, propriedade legítima da família. Jasão ficou contente com a sugestão, e para isso fez todos os preparativos para a expedição. Naquela época as únicas formas de navegação conhecida pelos gregos eram os barcos ou canoas feitas dos troncos de árvores, de modo que, quando Jasão pediu a [[:w:Argos (filho de Frixo)|Argos]] para que ele lhe construísse um navio com capacidade para cinquenta tripulantes, isso foi considerado uma obra colossal.
E assim foi feito, todavia, e o navio foi batizado com o nome de "Argo," seu construtor. Jasão mandou convidar todos os jovens aventureiros da Grécia, e lá estava ele no comando de um grupo de jovens valorosos, muitos dos quais, posteriormente, se tornaram renomados entre os herois e semi-deuses da Grécia. [[:w:Hércules|Hércules]], [[:w:Teseu|Teseu]], [[:w:Orfeu|Orfeu]], e [[:w:Nestor| Nestor]] estavam entre eles. Eles eram chamados de Argonautas, tirado do nome do navio. O "Argo" com a sua tripulação de herois partiu da costa da Tessália e ao tocar a ilha de [[:w:Lemnos|Lemnos]], daí partiu para a [[:w:Mísia|Mísia]], e de Mísia para a [[:w:Trácia|Trácia]].
Aqui eles encontraram o sábio [[:w:Fineu (rei da Trácia)| Fineu]], e dele receberam instruções para a viagem que seguiriam. Parece que a entrada do [[:w:Mar Negro|mar Euxino]] estava obstruída por duas pequenas ilhas rochosas, que flutuavam na superfície, e devido aos movimentos das ondas, ocasionalmente elas se juntavam, esmagando e moendo a fragmentos qualquer objeto que ficasse preso entre elas. Elas eram chamadas de [[:w:Simplégades|Simplégades]], ou Ilhas da Colisão. Fineu ensinou os Argonautas como eles deveriam atravessar este perigoso estreito. Quando eles chegaram às ilhas, eles soltaram uma pomba, que passou por entre os rochedos, atravessando com segurança, perdendo apenas algumas penas da cauda.
Jasão e sua tripulação tiraram vantagem do melhor momento do recuo entre as ilhas, empunharam seus remos com todo vigor, e atravessaram com segurança, embora a ilha tivesse se fechado bem detrás deles, tendo arranhado a parte da popa do barco. Eles então, remaram pelo litoral até que chegaram na extremidade oriental daquele mar, e desembarcando no reino de Cólquida. Jasão mandou mensageiros para o rei de Cólquida, Eetes, que concordou em devolver o Velocino de Ouro se Jasão concordasse que dois touros cuspidores de fogo, com patas de bronze, realizassem o trabalho do arado, e semeasse os dentes de dragão que [[:w:Cadmo|Cadmo]] havia matado, e do qual todos sabiam que uma colheita de homens armados iria brotar, os quais voltariam suas armas contra aqueles que os semearam.
Jasão aceitou as condições, e uma hora foi marcada para a realização dos experimentos. Antecipadamente, contudo, ele encontrou meios de apresentar sua causa para [[:w:Medeia|Medeia]], filha do rei. Ele prometeu que se casaria com ela, e quando eles estavam diante do altar de [[:w:Hécate|Hécate]], invocaram a deusa para o testemunho do juramento. Medeia concordou, e com a ajuda dela, pois ela era uma feiticeira poderosa, Jasão foi dotado de um encanto, por meio do qual ele poderia se proteger com segurança da chama dos touros cuspidores de fogo e das armas da produção de guerreiros. Na hora marcada, as pessoas se reuniram no Bosque de [[:w:Marte|Marte]], e o rei assumiu seu trono real, enquanto a multidão protegia as encostas.
Os touros de patas de bronze avançaram, soltando fogos das narinas, que queimavam a relva quando passavam. O ruído era parecido com o troar de uma fornalha, e a fumaça era como da água quando jogada sobre a cal viva. Jasão avançou corajosamente para encontrar-se com eles. Seus amigos, os heróis preferidos da Grécia, tremiam ao contemplá-lo. Apesar do bafo flamejante, ele acalmou com suas palavras o ódio dos animais, fazendo carinho em seus pescoços com mãos corajosas, e habilmente colocou o jugo sobre eles, obrigando-os a arar a terra. Os habitantes de Cólquida estavam exultantes; os gregos gritavam de alegria.
Jasão, em seguida, passou a semear os dentes de dragões, arando logo depois.
E assim que surgiu a colheita de homens armados, e, oh, como é delicioso relatar esta história! mal tinham eles surgido na superfície e já começaram a brandir suas armas e avançaram contra Jasão. Os gregos tremiam pelo seu herói, e até mesmo aquela que ensinou a ele as formas de segurança, e as maneiras de se proteger, a própria Medeia, ficou pálida de medo. Jasão, durante algum tempo, manteve os atacantes acuados com a sua espada e o seu escudo, até que, devido ao número excessivo deles, teve de recorrer ao encanto que Medeia lhe havia ensinado, pegando uma pedra e atirando-a no meio de seus inimigos. Eles imediatamente viraram suas armas uns contra os outros, e logo não havia nenhum ficado vivo do grupo dos dragões.
Os gregos abraçaram o heroi, e Medeia, caso pudesse ousar, o teria abraçado também. Faltava adormecer o dragão, que vigiava o velocino, e isso foi conseguido espirrando sobre ele algumas gotas de um preparado que Medeia havia fornecido. Ao sentir o cheiro, o animal relaxou a sua fúria, ficou imóvel por alguns momentos, e depois cerrou seus grandes olhos redondos, que se sabia jamais ter sido fechado antes, e virando-se de lado, caiu em profundo sono. Jasão pegou o velocino e acompanhado de seus amigos e Medeia, apressou-se em chegar ao navio antes que Eetes o rei pudesse impedir-lhes a partida, e fizeram a melhor viagem de retorno à Tessália, onde chegaram salvos, e Jasão entregou o velocino a Pélias, e dedicou o "Argo" a [[:w:Neptuno (mitologia)|Netuno]].
O que aconteceu com o velocino depois, não temos conhecimento, mas talvez tenham achado no final das contas, a maneira de outros prêmios dourados, não ter valido o esforço e o custo de conquistá-lo. Esta é apenas uma das histórias mitológicas, diz um escritor recentemente, em que há razão para acreditar que existe um substrato de verdade, embora sobrecarregado por uma massa de ficção. Talvez esta tenha sido a primeira expedição marítima importante, e como as primeiras tentativas desse tipo de todas as nações, pelo que conhecemos da história, talvez tenha até certo ponto alguns toques de pirataria.
Se o resultado foi os ricos despojos, com certeza foi o bastante para dar origem à lenda do Velocino de Ouro. Uma outra sugestão de um sábio mitologista, [[:w:Jacob Bryant|Jacob Bryant (1715–1804)]]<ref>Jacob Bryant (1715–1804) foi um erudito e mitógrafo britânico.</ref>, é de que esta seja uma tradição corrompida da história de Noé e de sua arca. o nome "Argo" parece confirmar este fato, e o incidente da pomba é uma outra confirmação. Pope, em sua "Ode ao Dia de Santa Cecília," assim celebra o lançamento do navio "Argo," e o poder da música de Orfeu, a quem ele chama de trácio:
"Então, quando o primeiro e corajoso barco enfrentou os mares,
No alto da popa, o trácio aumentou a tensão
Enquanto Argo observa as árvores, de onde surgiu
Descendo o Pelião<ref>Pelião: nome de um maciço montanhoso situado na [[:w:Tessália|Tessália]].</ref> até o continente.
Semideuses viajantes se aglomeravam,
E homens comuns se tornavam heróis."
No poema “O Velocino” de [[:w:George Dyer|George Dyer (1755–1841)]]<ref> George Dyer (1755–1841) foi um poeta clássico e escritor prolífico britânico.</ref> há um relato sobre o navio "Argo" e sua tripulação, que oferece uma imagem pitoresca sobre esta aventura marítima e primitiva:
"Vindos de todas as regiões do litoral do Egeu
Reunem-se os herois; os gêmeos ilustres
[[:w:Castor e Pólux|Castor e Pólux]]; Orfeu, o bardo cantador;
Enquanto, [[:w:Zetes|Zetes]] e [[:w:Calais (argonauta)|Calais]], tão velozes quanto o vento;
Hercules o invencível e outros líderes renomados.
Avançam para a profunda costa litorânea,
Com armaduras reluzentes, ávidos de combate;
E logo, a corda do loureiro e a pedra imensa
São içadas até o convés, alçando as âncoras;
Cuja quilha de comprimento majestoso,
A hábil mão de Argos moldou a orgulhosa tentativa;
E na quilha estendida um mastro gigante
É levantado, e as velas inflam por completo;
Objetos não usuais para os líderes.
E agora enfrentam pela primeira vez
O ousado avanço sobre as ondas do oceano,
Conduzido por estrelas douradas, as Chiron's art
Como a arte de Quíron havia assinalado a esfera celestial," etc.
Hercules deixou a expedição em Mísia, porque [[:w:Hilas|Hilas]], um jovem amado por ele, que, tendo ido buscar água, foi dominado e aprisionado pelas ninfas da fonte, que ficaram fascinadas pela sua beleza.
Hercules foi em busca do jovem, e enquanto ele esteve ausente, o "Argo" se pôs ao mar, deixando-o. [[:w:Thomas Moore|Thomas Moore (1779-1852)]], em uma de suas canções, faz uma bela alusão a este incidente:
"Quando Hilas foi mandado com seu cântaro para buscar água,
Atravessando campos iluminados e com o coração jovial,
A luz iluminava o garoto pelos prados e montanhas,
Que se esqueceu da tarefa por causa das flores do caminho.
"Assim, muitos como eu, que na juventude experimentaram
A fonte que corre pelo sudário da filosofia,
Desperdiçando seu tempo com as flores, sentado nas margens,
Deixaram seu cântaro tão vazio quanto o meu."
</center>
<center>
=== [[:w:Medeia|Medeia]] e [[:w:Esão|Esão]] ===
[[File:Aeson medea.jpg |thumb|center|300px|<center>Medeia ressuscita Esão.<br>ilustração de [https://en.wikipedia.org/wiki/Nicolas-Andr%C3%A9_Monsiau Nicolas-André Monsiau (1754–1837)].</center>]]
</center>
Entre as alegrias pela reconquista do Velocino de Ouro, Jasão sentiu que uma coisa estava faltando, a presença de Esão, seu pai, que estava impedido de participar por causa de sua idade e por motivos de doença.
Jasão disse para Medeia, "Minha esposa, desejaria que tuas artes, cujos poderes se mostraram tão poderosos no tocante a mim, pudessem me prestar mais um serviço, tirando alguns anos da minha vida e acrescentando-os à vida de meu pai." Medeia respondeu, "Não por um custo tão alto isso será feito, porém, se a minha arte me for propícia, a vida dele será prolongada sem a necessidade de abreviar a tua." Na próxima lua cheia ela saiu sozinha, quando todas as criaturas dormiam; nem uma brisa soprava a folhagem, e o silêncio era completo. Dirigiu seus encantamentos para as estrelas, e para a lua; à [[:w:Hécate|Hécate]],<ref> Hécate era uma divindade misteriosa, algumas vezes identificada como Diana e algumas vezes como Prosérpina. Como Diana representa o esplendor lunar da noite, então, Hécate representa a escuridão e o terror. Ela era a deusa da bruxaria e da feitiçaria, e acreditava-se que ela vagava de noite pela Terra, sendo vista somente pelos cães, cujos latidos denunciavam a sua aproximação.</ref>a deusa do submundo, e a [[:w:Telo (mitologia)|Telo]] a deusa da Terra, que através de seus poderes produz plantas fortíssimas para o encantamento. Ela invocou os deuses das florestas e das cavernas, das montanhas e dos vales, dos lagos e dos rios, dos ventos e dos vapores.
Enquanto ela falava, as estrelas brilhavam mais intensamente, e nesse instante, uma carruagem vindo do espaço, puxada por serpentes voadoras. Ela subiu na carruagem, e voando alto viajou para regiões distantes, onde cresciam plantas poderosas que ela sabia como escolher para seus propósitos. Nove noites foram necessários para sua busca, e durante esse período não voltou para o interior de seu palácio nem debaixo de qualquer teto, e evitou qualquer contato com os mortais.
Em seguida, ela erigiu dois altares, o primeiro para Hécate, o outro para [[:w:Hebe|Hebe]], a deusa da juventude, e sacrificou uma ovelha negra, espalhando libações de leite e vinho.
Ela implorou a [[:w:Plutão (mitologia)|Plutão]] e a sua noiva raptada para que eles não tivessem pressa em tirar a vida do velhinho. Então, ela ordenou que Esão fosse trazido até ela, e fazendo-o cair em sono profundo através de um encanto, fê-lo deitar num leito de ervas, como um morto. Jasão e todos os outros foram mantidos afastados do local, para que olhos profanos não pudessem contemplar seus mistérios. E com os cabelos soltos, deu três voltas em torno dos altares, mergulhando em sua corrente sanguínea ramos flamejantes, e deixando-os ali para queimar. Enquanto isso, o caldeirão com seu conteúdo tinha sido preparado.
Dentro dele ela colocou as ervas mágicas, com sementes e flores de um suco picante, pedras do extremo oriente, e areia da praia de todo oceano ao redor; alva geada, colhia ao luar, cabeça e asas de uma coruja barulhenta, e as entranhas de um lobo. Ela adicionou fragmentos de cascos de tartarugas, e o fígado de um veado, -- animais resistentes à vida, -- e a cabeça e o bico de um corvo, que ultrapassa nove gerações dos humanos.
Tudo isso com muitas outras coisas "cujos nomes são desconhecidos", ela cozinhou junto para o trabalho em questão, agitando sempre com um galho seco de oliveira; e de repente! o galho ao ser retirado ficou verde instantaneamente, e pouco depois ficou coberto de folhas e grande quantidade de frutos tenros; e, enquanto o caldo fervia e borbulhava, e algumas vezes transbordava, a relva, adquiria o verdor semelhante ao da primavera, sempre que os borrifos espirravam. Vendo que tudo estava pronto, Medeia cortou a garganta do velho e removeu todo o seu sangue, e derramou em sua boca e em seus ferimentos os sucos do seu caldeirão.
Assim que o velho sorveu completamente o suco, seus cabelos e barba cobertos de brancura, assumiram a cor negra da mocidade; a palidez e a magreza desapareceram por completo; suas veias se encheram de sangue, e seus membros de vigor e resistência. Esão ficou encantado consigo mesmo, e se lembra de que da maneira como se encontra agora, ele está em seus dias de juventude, há quarenta anos atrás.
Medeia usou aqui seus poderes para uma finalidade louvável, porém, não foi assim em outra circunstância, quando ela os utilizou como instrumento de vingança. Pélias, como nossos leitores devem se lembrar, era o tio usurpador de Jasão, e que se apoderara de seu reino. No entanto, ele deve ter tido algumas boas qualidades, pois suas filhas o amavam, e quando elas viram o que Medeia havia feito por Esão, elas desejaram que ela fizesse o mesmo pelo pai delas. Medeia fingiu concordar, e preparou as suas poções como fizera antes. A seu pedido foi trazido um carneiro velho que foi mergulhado no caldeirão.
Não demorou muito e ouviu-se um berro dentro da caldeira, e quando a tampa foi removida, um cordeiro saltou de dentro e correu brincando pelos campos. As filhas de Pélia, encantadas, assistiam ao experimento, e combinaram uma hora para que o pai delas fosse submetido ao mesmo tratamento. Mas Medeia preparou um caldeirão para ele de maneira muito diferente. Ela colocou somente água e algumas ervas comuns. À noite, ela com as irmãs entraram no dormitório do velho rei, enquanto ele e seus guardas dormiam profundamente sob a influência de uma magia feita pela própria Medeia.
As filhas ficaram ao lado da cama com suas armas fora da bainha, mas hesitaram em usá-las, até que Medeia censurou-lhes a irresolução. Então, elas viram o rosto, e desferindo golpes ao acaso, elas o feriram com suas armas. Ele, acordando de repente, gritou, "Minhas filhas, o que vocês estão fazendo? Estão matando o pai de vocês?" Elas perderam a coragem e suas armas caíram de suas mãos, porém, Medeia desferiu nele o golpe fatal, impedindo-o de falar para sempre.
Então, elas o colocaram no caldeirão, e Medeia se apressou em partir em sua carruagem puxada por serpentes, antes que sua deslealdade fosse descoberta, pois a vingança das filhas seria terrível. Ela fugiu, todavia, teve poucas alegrias com os frutos do seu crime. Jasão, por quem ela tinha feito tantas coisas, e desejando casar com Creusa, princesa de Corinto, repudiou Medeia. Ela, furiosa com a sua ingratidão, invocou os deuses da vingança, enviando um vestido envenenado como presente para a noiva, e depois matou seus próprios filhos, e incendiou o palácio, subiu em sua carruagem puxada por serpentes e fugiu para Atenas, onde ela casou com o rei [[:w:Egeu (mitologia)|Egeu]], pai de [[:w:Teseu|Teseu]], e vamos encontrá-la novamente quando ficarmos sabendo das aventuras daquele heroi.
Os encantamentos de Medeia irão recordar o leitor das bruxas de "Macbeth." Os versos seguintes são aqueles que mais contundentemente recordam o modelo antigo:
[[Ficheiro:Eugène Ferdinand Victor Delacroix 031.jpg|thumb|center|300px|<center>Medeia<br>ilustração de [[:w:Eugène Delacroix|Eugène Delacroix (1798–1863)]].</center>]]
"Rodai em torno do caldeirão;
Lançai as entranhas peçonhentas.
Um pedaço de serpente do pântano
Ferva e cozinho dentro do caldeirão;
Olhos de salamandra e pés de sapo,
Penugem de morcego e língua de cão,
Dentes de víbora e ferrão de [[:w:Licranço|Licranço]],
Pernas de lagarto e asas de coruja:
Bucho do voraz tubarão de água salgada,
Raiz de cicuta retirada durante a noite," etc
--Macbeth, Ato IV, Cena 1
E também:
Macbeth.—Que estais fazendo?
Bruxas,--Coisas que não se podem dizer o nome.
Há uma outra história sobre Medeia quase revoltante demais mesmo para o relato de uma feiticeira, uma classe de pessoas a quem tanto os poetas antigos como os modernos se habituaram a atribuir todos os tipos de atrocidades. Durante a sua fuga de Cólquida ela havia levado consigo seu irmão caçula [[:w:Absirto|Absirto]]. Ao perceber a aproximação dos navios de Eetes, que estavam em perseguição aos Argonautas, deixou que o jovem fosse morto e seus membros fossem atirados ao mar. Eetes, ao chegar no local, encontrou os vestígios que assinalavam o assassinato de seu filho; porém, enquanto ele estava recolhendo os fragmentos dispersos para oferecer a ele um sepultamento honroso, os Argonautas escaparam.
Nos poemas de Campbell poderemos encontrar uma tradução de um dos refrões da tragédia de "Medeia," onde o poeta Eurípides tirou vantagem desse momento para prestar um brilhante tributo a Atenas, sua terra natal. Começando deste jeito:
"Oh rainha desvairada! para Atenas diriges
Tua carruagem reluzente, impregnada com sangue familiar;
Ou procuras ocultar teu infame parricídio
Onde a paz e a justiça habitarão para sempre?"
== Links Externos ==
* [http://www.platos-academy.com/archives/jason_and_the_golden_fleece.html Jasão e o Velocino de Ouro]
* [http://ancientrome.ru/art/artworken/img.htm?id=1301 Jasão trazendo o velocino de ouro] para [[:w:Pélias|Pélias]], rei de [[:w:Iolco|Iolco]] na [[:w:Tessália|Tessália]]
* [http://ferrebeekeeper.wordpress.com/tag/golden-fleece/ O dragão de Cólquida]
<center>
=== Notas e Referências do Tradutor ===
</center>
<references />
[[en:The Age of Fable/Chapter XVII]]
[[Categoria:História da Mitologia]]
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<noinclude><pagequality level="3" user="Erick Soares3" />{{c|—70—}}</noinclude>havemos de mostrar v. g. uma pelotilha, e que á sua vista d'esta lhe havemos fazer um pomo. O que vos responderá? Responde logo com velocidade, sem primeiro discursar se pode ser ou não ser, ou por que arte se poderá fazer a dicta farça: que tal coisa se não pode fazer. Fazeis-lhe a ligeireza, fica attonito o nosso leigo, e responde-vos que aquillo não póde ser senão por arte diabolica. Ensinaes-lhe a peça, entende o segredo, e põe-se a sorrir; e vendo tão facil o que tinha por impossivel rompe do seu assombro dizendo : quem tal dissera? Assim pois esperamos que se hade dizer, vendo-se surcar os ares o nosso invento, para confusão dos ignorantes, que o negam, e desempenho dos sabios, que o affirmam.<ref>Este doccumento foi publicado pela primeira vez em 1849 nas Actas das Sessões da Academia Real das Sciencias por Francisco Freire de Carvalho no Additamento á sua Memoria. D'elle lhe deu conhecimento o sr. Rivara que na Bibliotheca publica de Evora encontrou uma copia de lettra do seculo XVIII. Por mais completa preferimos a copia que se conserva na Bibliotheca da Universidade no citado codice n.° 342, Veja-se a nota a [[Página:Invenção dos aeróstatos reivindicada.pdf/37|pag. 31]] d'este opusculo.<br/>{{gap}}O exemplar da Bibliotheca de Evora tem o seguinte titulo : «Manifesto summario para os que ignoram poder-se navegar pelo elemento do ar, feito na occasião em que o doutor Bartholomeu Lourenço de Gusmão pretendia sahir á luz com similhante invento.» No fim lê-se a seguinte nota: «Este invento o chegou a aperfeiçoar o dicto doutor Bartholomeu Lourenço de Gusmão, e dizem que chegára a fazer seu voo na casa da India, ainda que pequeno, pelo que se desenganaram de não ser possivel fazer o curso, que promettia o seu auctor, como consta do seu manifesto ; eu vi o risco d'elle, que era do feitio de uma grande passarola, e m'o mostrou D. Jorge Henriques, Senhor das Alcaçovas, etc.</ref>
{{nop}}<noinclude></noinclude>
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Erick Soares3
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<noinclude><pagequality level="3" user="Erick Soares3" />{{c|—74—}}</noinclude>é, porém, necessario ter muito conhecimento de physica ou de mechanica, para vêr que por estes principios é absolutamente impossivel o elevar-se uma machina volumosa e pesada : nem parece mesmo crivel, que uma pessoa, que aliás deu outras provas de intelligencia e de engenho, podesse jámais conceber a idêa de fazer voar uma machina de semelhante construcção. Como por outra parte ha uma constante tradição, apoiada com a auctoridade de varias pessoas sensatas e de provecta edade, que asseveram ter sempre ouvido que a machina, de que fallamos, chegára a elevar-se, e a voar ao menos por algum pequeno espaço; devemos crêr que ella fosse de outro modo construida, e que o desenho que agora vêmos não representa o artificio que então se practicou.
Esta mesma opinião expendeu em 1784 David Bourgeois n'um folheto intitulado—''Recherches sur l'art de voler''.<ref>«Recherches sur l'art de voler, depuis la plus haute antiquité jusqu'a ce jour, pour servir de supplément á la description des experiences aérostatiques de M. Faujas de Saint Fond, par David Bourgeois. » in 8.°, Paris 1784.<br/>{{gap}}Póde vêr-se na obra de Figuier—Les Merveilles de le science—o extracto do citado livro de Bourgeois, que foi quem primeiro suppoz que o Gusmão, que fez em Lisboa a experiencia aeronautica não era o Bartholomeu Lourenço, auctor do plano que consta do desenho de 1774.</ref> Todavia o visconde de Villarinho de S. Romão n'uma carta, dirigida ao sr. Antonio Feliciano de Castilho, e publicada em 1843 na ''Revista universal lisbonense'', rejeitando por absurdas as explicações que precedem a estampa, e interpretando-a a seu modo, quiz mostrar que n'ella se acha tudo muito bem combinado e que a machina que representa podia voar. Segundo as suas supposições, no convez da barca não haveria nenhuns folles, mas um balão cheio de hydrogeneo ; as espheras em vez de servirem de caixas aos imans, conteriam os maleriaes necessairios para a producção do gaz ; a vela,<noinclude></noinclude>
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<noinclude><pagequality level="3" user="Erick Soares3" />{{c|—82—}}</noinclude>ainsi de ses deux frères, dont l'un, homme d'un grand mérite, etait fort aimé du roi et travaillait en particulier avec lui ; le second, religieux Carme, était un des plus grands prédicateurs de son temps. Ce fait, dont je ne pouvais pas douter par le temoignage certain d'une personne respectable qui y avait été présente, m'engagea d'écrire á un negociant trés-distingué de Lisbonne. Je le priai de m'en procurer les informations les plus précises, et surtout celles des moyens dont il avait été fail usage. Il me répondit que j'étais bien instruit, que la chose etait trés vraie; plusieurs personnes se la rappelaient encore, mais trés confusement; il avait connu particuliérement M. de Gusman, frére du physicien; ils avaient parlé souvent ensemble de cette anecdote en riant, parce qu'elle avait èté attribuée á un sortilege; il me promit enfin de faire continuer ses recherches pour en obtenir quelqu'autre circonstance. Elles ont été inutiles a ce sujet; mais ce négociant obligeant m'a envoyé copie d'un autre projet, avee celle d'une requête presentée au roi de Portugal par son auteur.<ref>«Recherehes sur l'art de voler, depuis la plus haute antiquité jusqu'à ce jour, pour servir de supplément á la deseription des expériences aérostatiques de M. Faujas de Saint-Fond» par David Bourgeois, in 8.—Paris, 1784. pag. 59.<br/>{{gap}}Este extracto com a traducção franceza da petição e a descripeão da machina, segundo o impresso de 1774, acham-se transcriptos na obra já citada de Luiz Figuier Les Merveilles de la science» a pag, 516 e 517.</ref>
N'um livro, impresso em 1795, escreveu Lenteires o seguinte :
Bartholomée Gusmao, jesuite, fit construire á Lisbonne, em 1729, un aérostat, en forme d'oisean, et le fit s'elever par le moyen d'un feu allumé, en présence du roi, de la reine et d'un grand nombre de spectateurs. L'oiseau, mallheureusement, en montant, se heurta contre une corniche, se déchira, et retomba á terre. L'in-<noinclude></noinclude>
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Página:Invenção dos aeróstatos reivindicada.pdf/99
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Erick Soares3
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<noinclude><pagequality level="3" user="Erick Soares3" />{{c|—89—}}</noinclude>lomeu Lourenço de Gusmão e seu consocio na Academia Real de Historia
<ref>Esta noticia foi communicada a Francisoo Freire de Carvallho por José Bonifacio d'Andrade e Silva que a extrahiu de uma obra inedita do citado Leitão Ferreira, a qual se intitula «Ephemeride historial, chronologica lusitana, na qual por dias e annos se referem varios successos historicos e memoraveis acontecidosem Portugal e nas suas conquistas, com outras memorias notaveis a este glorioso dominio pertencentes.» 2 tomos em 4.º Conserva-se na Bibliotheca de Evora o original autographo em que textualmente se lêem todas as mesmas palavras da copia que possuia José Bonifacio d'Andrade.</ref>.
19 d'Abril de 1709—Data do alvará d'el-rei de Portugal D. João V a favor do P. Bartholomeu Lourenço, clerigo de ordens menores, natural do Rio de Janeiro, em que lhe concedeu privilegio para que elle sómente e seus herdeiros podessem usar do instrumento, que se lhe offereceu fazer para navegar pelo ar ; promettendo uma nova navegação de grande utilidade para o dominio portuguez. Estamos esperando o effeito e experiencia d'este inaudito invento.
Á margem tem esta nota da mesma lettra
Fez a experiencia em 8 d'agosto d'este anno de 1709 no pateo da Casa da India diante de sua magestade e muita fidalguia e gente com um globo, que subiu suavemente á altura da salla das embaixadas, e do mesmo modo desceu, elevado de certo material que ardia e a que applica o fogo o mesmo inventor. Esta experiencia se fez dentro da salla das embaixadas.
8.° A noticia de Leitão Ferreira é plenamente confirmada pela memoria seguinte, escripta por um contemporaneo de Bartholomeu Lourenço<ref>Foi esta memoria fielmente copiada de um volume manuscripto em 4.° grande, pertencente á collecção da Bibliotheca da Universidade, e tem no respectivo catalogo o numero 537. Consta de varios papeis de differentes epocas e de lettras diversas, os quaes são copias feitas no século passado, e algumas talvez já n'este século. No dorso do volume decifra-se a custo em lettras quasi apagadas o seguinte rotulo: «Papeis do doutor Costa, jurídicos e políticos.» A mesma noticia, porém com alguns períodos de menos e outras variantes publicou o sr. Innocencio Francisco da Silva em a nota respectiva aos balões aerostaticos no livro que se intitula «Maravilhas do gênio do homem.» A copia que este sr. teve presente é de um livro manuscripto, em que se colligiram no anno de 1753 vários papeis e entre elles o de que tractamos com algumas poesias allusivas á machina volante e ao seu inventor.<br/>{{gap}}No additamento que Francisco Freire de Carvalho fez â sua memória e foi publicado no tomo 1.° das Actas da Academia das sciencias acha-se uma noticia relativa á fuga de Bartholomeu Lourenço com o seguinte titulo : Additamento á vida e feitos do padre Bartholomeu Lourenço de Gusmão : Diabrura em fórma em que se descobriu quererem dar feitiços a el-rei, D. João V, como se vê do mesmo papel, o qual caso se descobriu em setembro de 1724.» Foi esta noticia escripta em 1736 pelo vigário da Cartuxa D. Bernardo de Santa Maria e copiada em 1797 por fr. Vicente Salgado, ex-geral e chronista da congregação da terceira ordem no convento de N. S. de Jesus de Lisboa. No citado tomo das Actas da Academia vem a copia de fr. Vicente Salgado com uns apontamentos da jornada e morte de Bartholomeu Lourenço em 1724, sendo estes dois documentos copiados na livraria da mencionada academia pelo official da sua secretaria Antônio Joaquim Moreira.<br/>{{gap}}O additamento de D. Bernardo de Santa Maria refere-se provavelmente á Memória que n'este logar transcrevemos. Dizemol-o com as seguintes razões:<br/>{{gap}}Ainda que, a Memória não tenha por titulo—Vida e feitos do padre Bartholomeu Lourenço, não é mais que a relação d'elles.<br/>{{gap}}Ha grande analogia no estylo e no modo de contar em ambos os escriptos.<br/>{{gap}}Não se sabe de memória nenhuma anterior a 1736 á qual possa competir aquelle titulo senão da que primeiramente foi por nós publicada e depois pelo sr. Innocencio Francisco da Silva.<br/>{{gap}}Em ambos os escriptos se falla do padre Gusmão, como de um homem que—pela sua vida, pelas suas industrias, e pelas mais circumstancias deu claro indicio de que não era bom. Seja como for, o que temos por incontestável é ser a memória pouco posterior a 1724 pois admitte a possibilidade de viver ainda o padre Bartholomeu Lourenço.</ref>.
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Erick Soares3
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<noinclude><pagequality level="3" user="Erick Soares3" />{{c|—94—}}</noinclude>peis, que queimou, dizem que levou muito dinheiro, e n'esta fuga são varias as vozes e os pareceres, mas quasi todos concordam que foi medo do Sancto Officio, e que a sua acceleração procedeu de aviso. O certo é que não houve d'elle noticia certa, nem a parte para onde fugiu, nem el-rei o fez seguir. (''Nota marginal da mesma lettra'': —O mais crivel é que o Sancto Officio o encerrou nos carceres, d'onde acabaria ou poderá ainda apparecer). A voz que se rompeu é que elle acabou a vida miseravelmente no hospital de Toledo, no mesmo dia que em Lisboa houve um furacão horroroso, que fez tão assombroso estrago no mar e na terra. Isto foi voz que nunca se averiguou com certeza, mas o homem, pela sua vida, pelas suas industrias, e pelas mais circumstancias, deu claro indicio de que nào era bom.<ref>A copia citada termina assim :<br/>{{gap}}«E estando n'estes auges, no anno de 1724, em outubro tornou a fugir d'esta cidade um dia á tarde, em companhia de um seu irmão, religioso do Carmo, que vivia em sua companhia. Dizem que levou multo dinheiro que pediu emprestado nas vesperas em que fez a sortida. Falla-se que no mesmo mez em que fugiu morreu no hospital de Toledo.»</ref>
Em vista de tão numerosos testimunhos, e particularmente dos altimos que citámos não se póde negar que a machina volante foi experimentada e chegou a elevar-se na atmosphera. Nem sirva de objecção o silencio que guardou a respeito das tentativas aeronauticas de Bartholomeu Lourenço de Gusmão auctor da Bibliotheca lusitana. Diogo Barboza Machado fazendo do seu consocio um elogio. que sem exageração diremos pomposo, calou-se, bem como outros contemporaneos, sobre o invento da navegação aerea. Mas, além de que, como observa Francisco Freire de Carvalho, este argumento é meramente negativo e por isso de pouca monta na presença de tantos outros positivos, circumstancias havia que dão razão plausivel do silencio dos escriptores.
Parecia a muita gente—que bem claro se vê nas<noinclude></noinclude>
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40 anos no interior do Brasil/Os botocudos
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| posterior = [[40 anos no interior do Brasil/Maquinistas na velha ferrovia|3]]
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Erick Soares3
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<noinclude><pagequality level="3" user="Erick Soares3" />{{left|54 {{!}} 40 anos no interior do Brasil: aventuras de um engenheiro ferroviário}}</noinclude>balançando a cabeça. Mesmo assim ficou refletindo sobre o problema do “sono rápido”, mas não conseguiu encontrar uma solução. Jornada de trabalho de 20 horas parecia bastante ruim, mas na construção, enquanto cada trem era carregado ou descarregado com terra ou pedras, o condutor tirava uma soneca. Seja como for, a exploração extra não era habitual; no funcionamento da ferrovia as coisas eram mais tranquilas.
Fui chefe de seção em 1894, quando ainda não se podia falar de “funcionamento” no trajeto recém-construído.<ref>É muito provável que o autor se refira aqui à Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grande (EFSPRG), cuja construção então avançava em sua linha Norte (entre Itararé e Ponta Grossa). (NdH)</ref> Um trem de passageiros e dois a no máximo três trens de carga, ou às vezes nenhum, constituem o serviço do dia. Após minha nomeação, quando eu saltei pela primeira vez do meu ramal na estação inicial para a locomotiva do trem de carga, pisei em algo macio e quase cai; ao mesmo tempo uma alma atormentada de cachorro soltou um grito alto. Eu havia pisado no rabo de um belo perdigueiro que estava deitado aos pés do maquinista.
“O que é isso, Gabriel?”, perguntei ao maquinista.
“Esta é minha Kora!” Respondeu bem sossegado.
“Então ela vai junto?”.
“Ela sempre vai junto, e o senhor deveria ver como é um animal inteligente!”, e com severidade disse para Kora: “saia e pergunte pela autorização de partida!” O cachorro saiu, e desapareceu no prédio da estação. Então o maquinista puxou uma única vez, rapidamente, o apito da locomotiva e num instante o cão voltou, pulou na máquina e escondeu-se sob os pés do seu dono. Eu não queria parecer tão severo e por isso não disse nada aos outros. O trem partiu e atravessou as muitas curvas no campo acidentado da linha. Estes ''Campos Gerais''<ref>Campos Gerais do Paraná é uma expressão que denomina uma ampla região geográfica associada a “ [..] campos limpos e matas galerias ou capões isolados de floresta ombrófila mista, onde aparece o pinheiro araucária”. In.: DICIONÁRIO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DOS CAMPOS GERAIS. Ponta Grossa: Universidade Estadual de Ponta Grossa, 5. p. Disponível em https://smwwz.uepg br/dicion /os-campos-gerais-do-parana/ &os-campas-gerais Acessado em 13/11/2020. (NdH)</ref> têm uma magia própria; aparentemente monótonos, mas revelam em cada curva da linha outras formações em uma tonalidade que parte do cinza-claro e marrom como<noinclude></noinclude>
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<noinclude><pagequality level="3" user="Erick Soares3" />{{right|Robert Helling {{!}} 55}}</noinclude>cabelos prateados através do talo e da folha da erva ''barba de bode''. Chegamos a um platô alto, e de repente o trem parou. O condutor da locomotiva pegou de um canto uma bela espingarda, assobiou para seu cachorro e saltou do trem.
“O senhor não vai caçar por aqui, vai?”.
“Mas é claro! Nós fazemos isso sempre”.
“Mas chegaremos a tempo no cruzamento?”.
“Evidentemente; pois o condutor do trem contrário também está caçando, e nós não ficaremos parados mais do que meia hora”.
Dito e feito; e em meia hora o amigo Gabriel havia abatido uma ''Perediz'' e cinco ''Cadornas'.'
Outro dos nossos maquinistas era um descendente de polonês. A ambição deste rapaz perturbado era dirigir rápido, e isso nesse trajeto que de modo algum era seguro. “A máquina tem que correr e o maquinista morrer!”, este era o seu lema. Repetia esse dito constantemente e finalmente também o realizou; pois certa vez passou por uma ponte provisória de madeira, que estava danificada, com tamanha velocidade que tombou junto com a locomotiva e uma parte dos vagões, onde o maquinista ficou preso na lama junto com a locomotiva. Tiramos a máquina com muito esforço, mas ele, mesmo durante o trabalho, ficou tão profundamente imprensado embaixo da máquina que não conseguimos encontrar.
Ainda tínhamos o famoso Jorge Pistola. Na verdade ele tinha outro nome, mas ninguém conhecia. Cada três palavras suas dizia “Pistola”, assim como o bávaro fala ''sakra'' e o inglês ''goddam'', daí o nome. Era um rapaz muito engraçado, pequeno e gordo. Eu viajei uma vez com ele na locomotiva; repentinamente ele tirou o boné e amigavelmente saudou para fora. Eu também olhei para fora, mas não vi uma alma. Isso se repetiu de tempos em tempos, até que finalmente perguntei lhe que fantasma ele sempre cumprimentava. “Mas senhor Roberto!”, respondeu, “Eu não cumprimento ninguém, só tiro o boné para o meu santo em todos os lugares que tive algum descarrilamento muito sério e ele me protegeu, para que eu ainda possa comer o meu feijão”.
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<noinclude><pagequality level="3" user="Erick Soares3" />{{left|56 {{!}} 40 anos no interior do Brasil: aventuras de um engenheiro ferroviário}}</noinclude>Tínhamos completado a ponte provisória sobre o Rio dos Papaguavos, e agora devíamos passar com a locomotiva sobre ela pela primeira vez. A pontezinha tinha doze metros de altura e quando se olhava lá para baixo parecia bem desagradável. Só que há um problema com uma nova ponte de madeira. Quando a locomotiva passa sobre ela pela primeira vez, os tarugos se acomodam naturalmente nos buracos e por isso fazem um rangido. O maquinista Jorge coçou atrás da orelha, deu uma cusparada na água em forma de um grande arco e disse “pistola”; mas ainda não pôde cruzar a ponte, pois esta não estava completamente concluída e estavam trabalhando com muita pressa. No dia seguinte chegaram o engenheiro-chefe, o engenheiro substituto, o diretor e mais alguns graúdos da companhia, os quais queriam acompanhar o grande acontecimento da primeira viagem, a fim de depois terem a oportunidade de bater um papo inteligente, discursar bastante e tomar muito champanhe no inevitável banquete. O grande dia começou. Tudo estava pronto. O trem extra com os convidados importantes chegou, parou perto da ponte, manobrou suavemente para trás e nossa menor locomotiva com Jorge Pistola no lugar mais importante engatou-se no trem. O chefe me solicitou que instruísse Jorge mais uma vez e mandou chamá-lo. Ele estava radiante de alegria. Agora começou uma advertência. “Arranque bem devagar, pare um instante sobre a ponte, então devagar — compreendeu? DE-VA-GAR — continue, e só quando o último vagão estiver em cima da ponte você poderá acelerar”. Jorge disse: “Pistola! Isso é fácil e tudo será feito!”. Eu quis ficar na locomotiva por uma questão de segurança, mas o chefe quis me ter por perto, pois tinha muitas perguntas para fazer e não eram frequentes as suas vindas até aqui. Todos se instalaram e a viagem começou. A ponte tinha setenta e dois metros de comprimento. Quando a locomotiva estava passando pelo primeiro terço começou um rangido do madeirame que se comprimia em seus encaixes; também foi sentida uma leve oscilação, pois a locomotiva comprimia algumas partes. Todos os rostos mostravam uma reação de tensão, por mais que não quisessem demonstrar. O chefe explicou, mas no bufar da locomotiva e no ranger da ponte<noinclude></noinclude>
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<noinclude><pagequality level="3" user="Erick Soares3" />{{left|Robert Helling {{!}} 57}}</noinclude>quase nenhuma palavra foi entendida. De repente — o que é isso? Um solavanco que todos caímos para trás, um apito agudo da locomotiva que pareceu dar um pulo para frente, e depois corremos a todo vapor, de modo que a máquina e os vagões eram sacudidos de lá pra cá e um grito de horror geral ressoou. O chefe gritou para mim, eu berrei para o maquinista, fui até a janela, saquei o revólver e dei dois tiros para cima em sinal de parar; pois freios a ar e esses brinquedinhos modernos nós não possuíamos. Mas a jornada infernal continuava a toda velocidade. Logo depois da ponte há uma curva para a esquerda. O chefe estava gesticulando e — no momento seguinte ele estava sentado no colo do diretor que é pressionado com suas costelas contra uma cadeira. Um dos convidados sentou-se no chão. Estávamos subindo morro acima. As coisas foram mais devagar. Por fim, um solavanco e o trem para, já estou na escada e mal o trem para, corro pra frente. Lá está Jorge, descendo lentamente da máquina e vindo ao meu encontro. “O senhor é um jumento!” Gritei com ele e na minha aflição até falei em alemão. “Como o senhor pode atrever-se a dirigir tão perigosamente quando teve instruções detalhadas?”. O chefe chega e começa a praguejar e uma tempestade cai sobre o gordo Jorge, como se ele tivesse matado alguém. Os próprios convidados tomaram parte nas reprimendas. O diretor continua sentindo dores em seu quadril e fala pomposamente. E Jorge? — ele está no meio das pessoas que gritam e gesticulam, retorce seu boné nas mãos e calmamente senta no chão resignado; para mim parece até que ele sorri um pouco, ainda que somente com o canto da boca. Finalmente o diretor dirige-se a ele como uma divindade punitiva.
“Diga-me sinceramente meu filho, o que te levou a desprezar as ordens e dirigir como um louco, podendo ter até causado o desabamento da ponte?”
Jorge levantou os olhos. Todo acanhamento fugiu do seu rosto.
“Sim, excelência, como a ponte começou a ranger e a gemer, eu senti nos meus próprios ossos e pensei que a coisa tinha desmoronado. E de repente foi como se meu santo gritasse para mim: “Jorge, salva tua<noinclude></noinclude>
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“Diga-me sinceramente meu filho, o que te levou a desprezar as ordens e dirigir como um louco, podendo ter até causado o desabamento da ponte?”
Jorge levantou os olhos. Todo acanhamento fugiu do seu rosto.
“Sim, excelência, como a ponte começou a ranger e a gemer, eu senti nos meus próprios ossos e pensei que a coisa tinha desmoronado. E de repente foi como se meu santo gritasse para mim: “Jorge, salva tua<noinclude></noinclude>
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<noinclude><pagequality level="3" user="Erick Soares3" />{{left|58 {{!}} 40 anos no interior do Brasil: aventuras de um engenheiro ferroviário}}</noinclude>máquina e deixa o que está pra trás dela ir pro diabo' E então eu arranquei. Eu não tenho culpa, excelência, a culpa é do santo”.
Reinou o silêncio por um momento. Jorge ficou lá, inocente como um cordeiro. Então um convidado desatou a rir uma sonora gargalhada. “O santo é culpado! Muito boa! Muito boa!”, “Mas Jorge” falou o diretor, “nós deveríamos ir pro diabo?”
“Excelência, eu não disse isso, foi o santo!”
“Sim, meus senhores”, e o diretor se virou aos presentes. “Eu não sei como os senhores estão com o santo, em todo o caso ainda podemos ficar satisfeitos que ele nos permitiu sobreviver!” Falou e se dirigiu, rindo, para o seu vagão. Todos riram também e seguiram-no. Jorge olhou dissimulado para trás, riu com deboche e andou lentamente para sua máquina. Eu me lembrei vividamente do conto “Raposa de Reineke”.<ref>Fábula de [[Autor:Goethe|JW. Goethe]] escrita em 1794, onde são descritas em forma de paródia e alegorias as façanhas de uma raposa na corte de um rei (leão) refletindo uma sociedade medieval corrupta, com todas as suas fraquezas humanas e conflitos sociais. (NHT)</ref>
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[[File:40 anos no interior do Brasil (page 58 crop).jpg|center|500px]]
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{{c|Descarrilamento na Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grande (EFSPRO), próximo ao atual município de Pinheiro Preto. Fonte: Arquivo Público de Pinheiro Preto. Autor desconhecido, s/d.}}
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40 anos no interior do Brasil/Maquinistas na velha ferrovia
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[[Ajuda:SEA|←]] nova página: {{navegar | título = 40 anos no interior do Brasil | autor = Robert Helling | contributor = | seção = Maquinistas na velha ferrovia | anterior = [[40 anos no interior do Brasil/Os botocudos|2]] | posterior = [[40 anos no interior do Brasil/Nossos Espanhóis|4]] | notas = | tradutor = | edição_override = {{edição/originais}} }} <pages index="40 anos no interior do Brasil.pdf" from=53...
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| título = 40 anos no interior do Brasil
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<noinclude><pagequality level="3" user="Erick Soares3" />{{left|40}} {{right|De Magistro}}
{{rule|40em}}</noinclude>{{multicol|75%|align=center}}
{{justificado|
non habemus quid
significemus, omnino stulte
verbum aliquod promimus; tu
autem nunc mecum loquendo
credo quod nullum sonum
frustra emittis, sed omnibus,
quae ore tuo erumpunt,
signum mihi das, ut aliquid
intellegam. Quapropter non te
oportet istas duas syllabas
enuntiare dum loqueris, si per
eas non significas quicquam.
Si autem vides necessaram per
eas enuntiationem fieri
nosque doceri vel
commoneri, cum auribus
insonant, vides etiam
profecto, quid velim dicere,
sed explicare non possim.
19.'''Augustini''' - Quid igitur
facimus? An affectionem
animi quandam, cum rem non
videt et tamen non esse
invenit aut invenisse se putat,
hoc verbo significari dicimus
potius quam rem ipsam, quae
nulla est?}}
{{multicol-break}}
{{justificado|
entenderás o que eu quero
dizer e não consigo explicar
porque ao não encontrar o
significado, proferir qualquer
interpretação insensato seria.
Tu agora, comigo falando,
creio, não emitir nenhum
som em vão, todavia, como
todos os que expressa
oferece-me como signo para
que algo eu entenda. Não
mencionaria essas duas
síbalas se não quisesses algo
significar; compreendes,
portanto que com elas
existiria uma informação e
que ao soar em meu ouvido
produziria um ensino ou algo
me faria rememorar.
19.'''Agostinho''' - Então, o que
faremos? Se da palavra (''nihil''),
se descobre ou se supõem
que nada permaneça, mas
que poderíamos afirmar ser
significada em face de certa
disposição da alma<ref>Traduzi ''affectionem animi'' por ''certa disposição'' da alma, porque Agostinho está apresentando a Deodato a diferença entre os significados visíveis (''extramentais'') e os internos disponibilizados na mente (''espirituais''), e em face do que descrevi no capítulo '''2.'''9, na qual a alma se apresenta como a conexão entre o mundo visível e invisível.</ref>, mesmo
quando a coisa não exista?}}
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{{nop}}<noinclude></noinclude>
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106
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2022-08-25T11:14:52Z
Erick Soares3
19404
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text/x-wiki
<noinclude><pagequality level="3" user="Erick Soares3" />{{left|Santo Agostinho}} {{right|41}}
{{rule|40em}}</noinclude>{{multicol|75%|align=center}}
{{justificado|
20.'''Adeodatus -''' istuc ipsum
est fortasse, quod expedire
moliebar.
21.'''Augustini -''' Transeamus
ergo hinc, quoquo modo se
habet, ne res absurdissima.
nobis accidat.
22.'''Adeodatus -''' Quae
tandem?
23.'''Augustini -''' Si «nihib» nos
teneat et moras patiamur.
24.'''Adeodatus -''' Ridiculum
hoc quidem est, et nescio,
quo tamen modo video posse
contingere, immo plane video
contigisse.
25.'''Augustini -''' Suo loco
genus hoc repugnantiae, si}}
{{multicol-break}}
{{justificado|
20.'''Adeodato -''' Acaso era
isso que me esforçava<ref>Traduzi ''moliebar'' por ''esforço'', porque em latim, ''moliebar'' subtende um forte movimento de deslocamento de algo.</ref> para
explicar.
21.'''Agostinho —'''
Retornemos, pois, donde
estávamos para que algo
incongruente<ref>Optei por evitar a literalidade e traduzir ''absurdíssima'' por ''incongruente'', por julgar a literalidade (''absurda'') inadequada ao contexto do diálogo.</ref> não nos
suceda.
22.'''Adeodato —''' O que por
fim?
23.'''Agostinho —''' Que
aceitemos o aprazo em o
nada, nele nos retendo.
24.'''Adeodato -''' Burlesco<ref>A palavra latina ''ridiculum'' significa ''coisa jocosa'', assim não optei por traduzi-la por ''burlesco'', que tem a conotação de rir de forma espirituosa. A tradução literal para o português implicaria um ''riso grotesco'' ou de ''escárnio'', o que não seria o caso neste diálogo entre pai e filho.</ref>
certamente isto seria;
desconheço de que modo
ocorrer pudesse, muito
embora claramente prefigure
já tenha ocorrido.
25.'''Agostinho —''' Se Deus
consentir, no momento certo}}
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{{nop}}<noinclude></noinclude>
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Página:De Magistro (Editora Fi).pdf/44
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2022-08-25T11:18:36Z
Erick Soares3
19404
/* Revistas e corrigidas */
proofread-page
text/x-wiki
<noinclude><pagequality level="3" user="Erick Soares3" />{{left|42}} {{right|De Magistro}}
{{rule|40em}}</noinclude>{{multicol|75%|align=center}}
{{justificado|
deus siverit, planius
intellegemus; nunc ad illum
versum te refer et conare, ut
potes, cetera eius verba, quid
significent, panderel
26.'''Adeodatus -''' Tertia
praepositio est «ex» pro qua
«de» possumus, ut arbitror,
dicere.
27.'''Augustini:''' Non id quaero,
ut pro una voce notissima
aliam vocem aeque
notissimam, quae idem
significet, dicas, si tamen idem
significat; sed interim
concedamus ita esse. Certe si
poeta iste non «ex tanta urbe»,
sed «de tanta» dixisset,
quaereremque abs te, quid
«de» significaret, diceres «ex»,
cum haec duo verba essent, id
estsigna unum aliquid, ut tu
putas, significantia. Ego
autem id ipsum nescio quid
unum, quod his duobus signis
significatur, inquiro.
28.'''Adeodatus -''' Mihi videtur
secretionem quandam
significare ab ea re, in qua
fuerat aliquid, quod ex illa
esse dicitur, sive illa non}}
{{multicol-break}}
{{justificado|
claramente essas
contradições
compreenderemos; agora,
retorna a aquele verso e te
empenha o possível em
descobrir das demais palavras
o significado!
26.'''Adeodato -''' A terceira ''ex''
seria uma preposição, em
lugar da qual julgo possamos
dizer ''de''.
27.'''Agostinho -''' Não
pretendo que aludas a uma
palavra conhecida por outra
igualmente versadíssima, de
igual significado. Mas
concedamos, por ora, que
assim seja e, certamente, se
este poeta, em vez de dizer:
''ex tanta urbe'', tivesse dito: ''de''
''tanta'' e, eu te indagasse o que
significa ''de'', dirias ''ex'' como se
destas duas palavras por
significância um único signo
tivessem. Eu busco a mesma
coisa comum, por estes dois
signos significada.
28.'''Adeodato —''' A mim
representa um apartamento
daquilo que significa ou da
qual proceda, como neste
verso ocorre, em que não}}
{{multicol-end}}
{{nop}}<noinclude></noinclude>
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