Batalla das Termópilas
Na Galipedia, a wikipedia en galego.
Este artigo necesita tradución, a súa axuda é benvida. Se o artigo non se traduce ao Galego no prazo de trinta días, pasará á lista de páxinas para borrar.
- Para outras páxinas con títulos homónimos, vexa: Batalla das Termópilas (homónimos)
Batalla das Termópilas | |||||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
![]() |
|||||||||||||||||
Data | Agosto de -480 | ||||||||||||||||
Lugar | Desfiladeiro das Termópilas, na Grecia Central | ||||||||||||||||
Resultado | Vitoria, con custos enormes, para o Imperio Persa | ||||||||||||||||
|

A Batalla das Termópilas, enclavada no contexto da II Guerra Médica, decorreu no Verán do -480, no desfiladeiro das Termópilas, na Grecia Central. Alí, dacordo coa tradición do historiador Heródoto de Halicarnaso, 300 Espartanos, so o comando do seu rei Leónidas I, acompañados por non máis de 7.000 aliados doutras πόλεις (cidades-Estado) helénicas, enfrentáronse a millóns de Persas (en realidade o número semella que é menor) liderados por Xerxes I, fillo de Darío I.
Pese á esaxeración dos números presentados por Heródoto, a grande disparidade numérica entre os bandos levou a que a batalla terminase cunha aparentemente retumbante vitoria persa, aínda que os gregos, antes de seren totalmente aniquilados, conseguiron inflinxir un elevado número de baixas e retardar considerablemente o avance dos Persas por Grecia. A intervención dos Gregos, para alén de levalos a morrer como homes ceibes, e non como escravos persas, foi de tal modo decisiva para o futuro do conflito, polo que ben poden ser tamén considerados vencedores.
De facto, non vence unha batalla aquel que destrúe o exército enimigo, mais si aquel que cumpre o seu obxectivo – e os Espartanos, ó deteren durante días ós Persas nas Termópilas, permitiron a salvación de Atenas e, por conseguinte, das bases da futura Civilización Occidental. Esta foi, pois, unha batalla decisiva en todos os aspectos.
Índice |
[editar] O contexto: as Guerras Médicas
- Ver artigo principal: Guerras Médicas.
Á entrada do século V a.C., Persia Aqueménida tíñase convertido no maior imperio xamais visto, tanto en dimensión territorial, como étnica. Despois de subxugar ós veciños Medos, os Persas partiron á conquista de Babilonia, de Asiria, de Armenia, de Elán, de Bactriana, de Siria-Palestina, de Exipto e de Asia Menor, onde por primeira vez se virían a confrontar coas πόλεις gregas de Xonia. Debido a todas estas conquistas, o seu soberano podíase apropiar do título de Rei de Reis – en lingua persa, Šāh-an-Šāh (literalmente, o Xa dos Xas), título que Heródoto verte para lingua grega como βασιλεύς (basileus, «rei»).
O combate entre a Hélade (dividida en varias pequenas cidades-Estado independentes, separadas entre si por particularismos xeográficos e culturais) e o poderoso imperio Persa (entón gobernado por Darío I) tornouse inevitable. No -499, rebenta a revolta de Mileto (en Xonia) contra os Persas, logo violentamente debelada; pouco despois, o emperador persa, sentíndose nunha posición de forza, envía ós seus embaixadores ás cidades da Grecia continental, a fin de que estas se someteran pacificamente ó seu dominio. Porém, o envio destas missões diplomáticas não surtiu o efeito desejado – apenas a Macedónia e a Tessália se declararam vassalas da Pérsia (enviando-lhe, segundo Heródoto, amostras do seu solo e da sua água, em sinal de submissão), enquanto que, nas demais πόλεις, os legados imperiais foram executados.
Estala assim o conflito entre Persas e Helenos: a I Guerra Médica (também chamada I Guerra Pérsica ou Guerra Medo-Persa). Dario avança rumo à Grécia europeia, desembarca em Maratona, onde é derrotado por uma força combinada de hoplitas atenienses e plateenses (Esparta, a potência militar da Grécia, recusou-se a estar presente, invocando motivos religiosos). Dario, derrotado, regressa à Ásia.
O conflito reacender-se-ia com o seu filho, Xerxes, que subira ao trono em 485 a.C.. A derrota pesava sobre o espírito do novo monarca, e respirava-se na Corte um clima de vingança (fomentado, por exemplo, por Mardónio, o supremo comandante dos exércitos). Desta feita, porém, Xerxes procurou preparar, até ao mais ínfimo detalhe, a expedição destinada a tomar a Grécia: começou por ordenar a construção de uma ponte de barcas ligando as duas margens do Estreito dos Dardanelos (484 a.C.), permitindo uma mais fácil deslocação das suas tropas e poupando dessa forma recursos preciosos e tempo (mais tarde, os Helenos – como por exemplo Ésquilo, na sua tragédia Persas – atribuirão a Posídon, o Deus dos Mares, um papel relevante na sua vitória, pois o rei persa, ao tentar deter uma força da Natureza – manifestação do sagrado animada por aquela divindade –, despertou a ira do Olimpíco, o qual decidiu então a sorte da guerra a favor do povo grego); ao mesmo tempo, determinou que uma poderosa esquadra atravessasse o Egeu e rumasse às costas gregas, assim que se iniciasse a invasão, por forma a apoiar as operações em terra.
As cidades-Estado gregas, conhecedoras dos preparativos da nova expedição persa, decidiram, como reacção, pôr de lado as suas divergências tradicionais, e reuniram-se na conferência pan-helénica no Istmo de Corinto (481 a.C.). Das cidades do continente, apenas Argos (a maior inimiga de Esparta à época), se recusou a estar presente, o que lhe valeu a acusação de medismo, isto é, de ser simpatizante dos Medos (o nome genérico que os Gregos atribuíam então aos Persas e aos povos por eles subjugados); de igual forma, as colónias gregas (como a Cirenaica, no Norte de África, Massália, no Sul da Gália, ou Siracusa, na Sicília) também não compareceram, talvez por não se sentirem directamente ameaçadas pelos Persas, dada a sua situação geográfica.
As 31 πόλεις presentes na conferência formaram uma Liga destinada a defrontar o inimigo comum, tendo proclamado a reconciliação geral e declarado guerra à Pérsia. O comando dessa liga foi atribuído ao rei Leónidas, que governava o Estado militarista por excelência na Antiguidade grega – Esparta; com efeito, os cidadãos Espartanos eram soldados profissionais, sendo condicionados, desde o berço, para a vida militar, o que fez da cidade a potência dominante da Hélade até então.
Em finais desse ano de 481 a.C. tem finalmente início a projectada invasão da Grécia, tendo os Persas dominado a Macedónia rica em matérias-primas (como a madeira), a Calcídica com os seus excelentes portos de mar, e a fértil Tessália, na qual fixaram as suas bases, encaminhando-se de seguida, a passos largos, para o centro da Grécia, onde se virá a travar o recontro das Termópilas.
Acabava de se iniciar a II Guerra Médica, um novo conflito entre o Ocidente e o Oriente, entre Cidadãos (os habitantes das πόλεις gregas) e Bárbaros (o nome com que, depreciativamente, os Helenos se referiam aos Medo-Persas), entre Europeus e Asiáticos (pela primeira vez na História da Humanidade, há uma real consciência da distinção entre duas culturas, dois mundos distintos, separados por dois continentes) onde se viria a jogar o destino da Civilização Ocidental, tal como hoje a conhecemos. Porém, deve-se ter em conta que a própria construção narrativa de Heródoto retoma certos tópoi (lugares-comuns) literários que remontam, pelo menos, ao primeiro grande relato bélico que chegou até aos nossos dias – a Ilíada de Homero, ela também uma obra onde o Oeste (os Aqueus) e o Leste (os Troianos) chocam entre si.
[editar] A xeografía
- Ver artigo principal: [[Termópilas]].

As Termópilas (do grego: Θερμοπύλαι, thermopylai, significando «portas quentes») são um desfiladeiro situado bem no centro da Hélade, encravado entre as cadeias montanhosas do Eta e do Calídromo e um braço de mar (o golfo de Mália), situando-se na fronteira entre as regiões da Fócida (a Sudoeste), da Ftiótida (a Noroeste), da Lócrida (a Nordeste) e da Beócia (a Sudeste). Devem o seu nome ao facto de no seu interior existirem fontes sulfurosas, sendo que o estreito – uma simples faixa de areia entre o mar e o desfiladeiro – era, em três dos seus troços (as famosas «portas», às quais o estreito foi buscar o seu nome), de tal forma estreito que, segundo Heródoto, apenas podia passar um carro de cada vez (Livro VII, 176).
Tratava-se de uma região relativamente estéril, apta somente para o pastoreio; por esse motivo e também pela sua intrincada orografia, bem conhecida dos Gregos, foi o local estrategicamente escolhido pelas forças da Liga para deter o ímpeto persa (por se situar relativamente longe das bases de apoio que estes tinham na Tessália, tal dificultaria – e eventualmente frustraria – a sua investida).
De facto, os Helenos compreenderam que apenas teriam possibilidade de deter o avanço persa numa região montanhosa (se tivessem decidido dar batalha aos Persas na vasta planície da Tessália, teriam sido derrotados muito mais facilmente, pois ver-se-iam de imediato rodeados pela vasta massa humana do inimigo e liquidados ante a desproporção dos números); de resto, foi questão muito discutida, entre os defensores da Grécia, saber qual a melhor localização para deter o avanço persa – se as Termópilas, se o Istmo de Corinto; porém, acabou por vingar a primeira posição, muito pela pressão que Atenas colocou: se as forças gregas se concentrassem em Corinto, Atenas ficaria desprotegida e sujeita ao embate directo com o inimigo.
[editar] Os números

A batalha das Termópilas tornou-se conhecida graças à narrativa de Heródoto de Halicarnasso, na qual o historiador faz opor quatro milhões e meio de homens, arregimentados à força pelos Persas, contra Leónidas e os seus trezentos Espartanos, combatendo tão-só pela liberdade da sua Nação. Mas nem os Persas eram milhões, nem tão-pouco havia apenas Espartanos nas Termópilas. De facto, é típico dos historiadores da Antiguidade (e não só) o exagero do número, muitas vezes para forçar a criação determinadas imagens junto dos seus leitores (neste caso, e pelo confronto de números tão extremos, louvar o sacríficio dos Gregos que faleceram nas Termópilas, ao tentarem atrasar ao máximo a penetração de Xerxes em solo heleno).
Heródoto enumera, do lado grego, trezentos Espartanos, quinhentos hoplitas de Tegeia e outros quinhentos de Mantineia, cento e vinte de Orcómeno, mil da Arcádia, quatrocentos de Corinto, duzentos de Pilos e oitenta de Micenas (prefazendo estes o contingente do Peloponeso, num total de 3 100 homens); setecentos de Téspias, quatrocentos de Tebas, mil homens da Fócida, e ainda um número desconhecido (mas elevado) de Lócridos Opuntianos. Portanto, no mínimo, cinco mil e duzentos homens. É provável que a este número devamos acrescentar ainda os soldados auxiliares (muitas vezes não mencionados), o que levaria, segundo os especialistas, a fazer aumentar este contingente para cerca de 7 500 homens (ou, no máximo, 10 mil).
Heródoto, porém, não é coerente nos números que apresenta, nem tão-pouco constitui a única fonte crível para o relato dos números das Termópilas (embora não sendo testemunha coeva da batalha, é o mais antigo historiador a relatar o facto e, portanto, o mais próximo do acontecimento). Noutro passo mais adiantado das suas Histórias, alude já a 4 000 homens do Peloponeso, entrando em contradição com o que escrevera no início da narrativa. Outros autores (como Isócrates, Diodoro Sículo, ou Pausânias), escrevendo muito depois de Heródoto, falam noutros números – designadamente em mil homens oriundos da Lacedemónia (a região dominada pela cidade-Estado de Esparta, termos que eram assim frequentemente tomados por sinónimos), o que choca com o número tradicional – e mítico – dos famosos 300 Espartanos.
A fazer fé nestes relatos, talvez os setecentos Lacedemónios remanescentes fossem homens de origem servil (como os periecos e os hilotas), recrutados numa situação verdadeiramente excepcional (quando normalmente não tinham sequer direito a servir no exército), e eventualmente a contra-gosto da oligarquia dirigente de Esparta; por isso mesmo estariam ausentes da narrativa tradicional (ainda que, por exemplo, Heródoto se refira a cadáveres de hilotas nas Termópilas num passo mais adiantado da narrativa, no Livro VIII, já ao descrever as batalhas seguintes). Mais, tendo em conta que Esparta era a potência militar dominante na Grécia, seria do seu maior interesse manter esse statu quo, eliminando quaisquer referências à presença dos desprezados periecos e hilotas nas Termópilas.
Por outro lado, é provável que Heródoto, relatando os factos que narra com quarenta anos de distanciamento, tenha achado essa mítica tradição dos 300 já tão fortemente enraizada entre os Espartanos, que não a teria podido (ou querido) desmentir – afinal, o historiador era natural de Halicarnasso, cidade de fundação dória, o mesmo povo do qual os Espartanos descendiam e, por isso, é natural que tenha querido favorecer os seus companheiros de raça. Essa atitude, de resto, valeu-lhe a crítica de Plutarco no seu Da Malícia de Heródoto, opúsculo onde defende que o historiador era claramente pró-espartano, o que toldaria em muito a sua visão dos acontecimentos. Mas também Plutarco não é isento – pois sendo natural da Beócia, a região que tinha por cabeça Tebas (à qual Heródoto lança duras críticas por ser simpatizante dos Persas), é natural que quisesse recontar a história sob um ponto de vista mais favorável à sua terra-natal. Por isso mesmo, podem os modernos historiadores interrogar-se, com propriedade, se o relato da batalha das Termópilas feito por Heródoto não constitui uma mera construção historiográfica destinada a justificar a superioridade militar de Esparta no contexto da Grécia.
Apesar de tudo, não é inverosímil que estivessem presentes apenas 300 Espartanos nas Termópilas; se é certo que a cidade invocara a realização do festival religioso de Carneia para se poder eximir a enviar um maior contingente de tropas (o que poderia denotar alguma má-vontade para com os parceiros da Liga, designadamente Atenas), não é menos verdade que Esparta deveria saber que contaria com um portentoso exército pela frente e, ainda assim, destacou o escol dos seus homens a fim de se sacrificar nas Termópilas: 300 homens, todos eles (segundo o relato do historiador) «com filhos» – por forma a que se pudesse perpetuar a tradição militarista da cidade –, comandados em pessoa por um dos reis de Esparta, Leónidas I.
Mesmo o pequeno número de soldados presentes por cada uma das outras cidades gregas está também relacionado com outro facto muito importante – 480 a.C. foi ano de Olimpíadas, durante as quais se proclamava a trégua sagrada e cessavam as hostilidades entre todos os inimigos na Grécia. Embora se tratasse de um inimigo externo (não-heleno), e se tratasse de uma situação de excepção, a trégua entre os Gregos não foi levantada.
Quanto ao campo do adversário, Heródoto fala em 2,1 milhões de Medo-Persas, acompanhados por 2,6 milhões de soldados auxiliares. Estes números são claramente excessivos (isto porque os Persas não dispunham de uma logística suficientemente avançada, nem tão-pouco o estéril solo grego teria capacidade para alimentar um número de indivíduos largamente excedentário face à população autóctone), quer porque Heródoto desconhecesse o número real, quer por pretender, muito provavelmente, impressionar o leitor, e realçar, por oposição, a pequenez da coligação helénica – a qual, não obstante ter perdido a batalha, acabou por, no fim, lograr vencer a guerra contra os Persas.
[editar] O embate

Nos comezos de agosto do -480, as forzas da Liga posicionáronse no interior do estreito, con Leónidas no supremo comando, tendo este no entanto que facer cara á tentativa de deserción dos Tebanos (acusados de simpatizaren cos Medos, terse desprazado ás Termópilas tan só para que non recaíse sobre a súa cidade a enimizade e o oprobio dos restantes membros da Liga, e tendo xa probablemente a secreta intención de fuxir na metade do combate, como viría, de facto, a suceder), e ós pedidos dos seus aliados do Peloponeso, que desexaban que as forzas se concentrasen no Istmo de Corinto. A todo esto o rei de Esparta respondeu con man de ferro. Colocou ós Focios a gardar a retagarda do estreito, para evitar calquer ataque sorpresa.
Ó mesmo tempo, os Persas aproximábanse ó desfiladeiro, tendo Xerxes I montado o seu campamento no topo dunha colina sobranceira, en Malia, onde instalou tamén o seu trono áureo, onde observou, durante días, o confrontamento armado entre os seus homes e os irredutibles Helenos.
[editar] Comezo da batalla

Durante quatro dias, Xerxes esperou que fossem os Gregos a tomar a iniciativa, mas como tal não se verificasse decidiu ele mesmo atacar, na madrugada do quinto dia; os seus homens, armados somente com um pequeno escudo e uma lança de menores dimensões que a dos hoplitas gregos (cujo armamento – elmo, couraça, escudo, grevas, lança e uma pequena espada – lhes dava, nesta fase do confronto, uma superioridade decisiva), ao tentarem penetrar no desfiladeiro, viram-se completamente rechaçados, pois as falanges gregas facilmente destruíam as suas lanças e, desarmando-os dessa forma, fácil foi chaciná-los em seguida.
Xerxes, que observava o espectáculo, teria dito, segundo Heródoto, ter «muitos homens, mas poucos soldados» (VII, 210). De facto, embora Xerxes dispusesse da superioridade numérica, as condições físicas do estreito impediam-no de tirar partido dessa vantagem (designadamente, pela impossibilidade de fazer aí atacar a sua célebre cavalaria).
Mesmo quando Xerxes ordenou que os archeiros medos disparassem, os longos escudos dos Gregos protegeram-nos das flechas; é nesse contexto que Plutarco (nos seus Apótegmas dos Espartanos) atribui a Leónidas uma célebre afirmação, em resposta a um soldado que dissera que as flechas dos Medos tapavam o Sol: «Melhor, pois se os Medos taparem o Sol, combateremos à sombra» (Heródoto, porém, reporta esta afirmação a um tal Dieneces, tido como um dos mais bravos soldados de Esparta presentes neste prélio).
Plutarco afirma ainda que Xerxes procurou evitar o combate por todos os meios, tendo enviado cartas ao rei espartano, dizendo-lhe que lhe atribuiria o governo da satrapia da Grécia se este depusesse as armas e se passasse para o lado persa, ao que Leónidas teria respondido, muito laconicamente – como era característico dos Lacedemónios – «Vinde buscá-las!».
Como estas estratégias não davam resultados, Xerxes ordenou enfim que avançassem os 10 000 Imortais, comandados por Hidarnes. Tratava-se do corpo de élite da infantaria persa, o qual, de acordo com a tradição, devia o nome ao facto de, assim que morria um dos seus combatentes, este era imediatamente substituído, prefazendo dessa forma um total constante de dez mil, por isso mesmo tidos como «imortais». Embora melhor treinados e melhor equipados que o resto do exército, esta estratégia não surtiu o efeito desejado, não tendo sido capazes de amover os Gregos da sua posição no interior do estreito. Inclusivamente, o rei, sentado em seu trono no alto da colina, viu morrer um irmão seu neste confronto inútil.
[editar] A traición
Ao sexto dia, o rei persa, julgando que o cansaço tivesse domado os seus oponentes, resolveu voltar a atacar; ludibriou-se, porém, e não colheu melhores frutos que no dia anterior.
Foi então que apareceu, no acampamento persa, Efialtes, filho de Euridemo de Mális, nome que tem ecoado pelos séculos fora como sinónimo de traidor. Dirigira-se ao Rei de Reis na vã esperança de obter uma compensação pecuniária a troco de revelar um caminho secreto que conduzia à rectaguarda das Termópilas (onde se achavam os Fócios), através da montanha. Xerxes rejubilou com as novas, convocando Hidarnes e ordenando que os Imortais percorressem o dito caminho durante a noite, para poderem atacar os Gregos logo pela madrugada.
De facto, os Fócios, que guardavam a rectaguarda do estreito, só se aperceberam da progressão do inimigo quando já era tarde demais, tendo abandonado a sua posição diante do ataque dos archeiros Medos.
Entretanto, no interior do desfiladeiro, no acampamento dos Gregos, ultimavam-se os preparativos para aquele que viria a ser o derradeiro dia da batalha. Segundo Heródoto, um adivinho que se encontrava entre os soldados, Megístias, após analisar as entranhas dos animais sacrificados aos deuses, concluiu que a morte chegaria com a aurora (o que seria corroborado com o aparecimento de alguns desertores fócios no acampamento).
Leónidas reuniu o conselho de guerra, tendo as opiniões dos Helenos dividido-se: uns eram a favor da retirada pura e simples, para evitar uma inevitável chacina; outros defendiam que aí deviam permanecer até ao último homem. Leónidas resolveu o problema, declarando que todos os Aliados eram livres de partir, já que não sentia neles a coragem para combater; apenas ele e os seus trezentos homens não podiam desertar, pois a isso os obrigava a Constituição de Licurgo (que declarava constituir a deserção a suprema desonra para um Espartano); se pelo contrário ali permanecessem e morressem a pelejar, o seu nome seria cumulado de glória e jamais cairia no esquecimento.
Ao mesmo tempo, esta decisão do rei deve ter sido reforçada pela chegada de um oráculo da Pitonisa de Delfos; pouco antes do começo da batalha, Leónidas mandara inquirir de Apolo quem sairia vencedor da pugna, e agora a sacerdotisa do deus respondia-lhe que um dos reis de Esparta se deveria sacrificar para que a respectiva πόλις pudesse continuar de pé; se tal não sucedesse, a cidade seria reduzida a cinzas pelos Persas.
É evidente que, embora embelezem a narrativa, não há como provar a veracidade destas profecias, pelo que esta tradição poderia muito bem ter sido forjada já após a batalha; não obstante, há que ter em conta a franca popularidade de que o oráculo de Delfos desfrutou, ao longo dos séculos, no Mundo Antigo, para se poder supor que a tradição se baseia numa consulta real que Leónidas fez ao Templo de Apolo no «umbigo do Mundo».
Aliás, o mais provável é que Leónidas não tenha tido tempo sequer para pensar na glória futura; compreendendo a eminência do massacre, deverá ter ponderado ser preferível dispensar a maior parte do contigente estacionado nas Termópilas, incumbindo-o agora da organização da defesa da Grécia mais a Sul, no Istmo de Corinto, enquanto os poucos que restavam nas Termópilas protegiam a sua retirada.
Junto dos Trezentos, apesar de tudo, ficaram também os setecentos Téspios (comandados por Demófilo, filho de Diadromes) de livre e espontânea vontade, recusando-se a abandonar Leónidas e, como tal, tendo perecido juntamente com os Espartanos nas Termópilas (demonstra-se assim que, ao contrário do que tradicionalmente se afirma, não faleceram ali apenas os trezentos Espartanos). Segundo Heródoto, Leónidas requereu ainda que os quatrocentos Tebanos (chefiados por Leontíades), permanecessem junto de si, talvez para testar a sua fidelidade; porém, Plutarco tece fortes críticas a este passo de Heródoto, por parecer querer desprestigiar os seus compatriotas beócios; Diodoro Sículo, no seu relato da batalha, nem sequer menciona que os Tebanos tivessem permanecido na derradeira fase do confronto.
[editar] A matanza
Chegara finalmente a aurora do sétimo dia; os Persas haviam já contornado o desfiladeiro, ora desguarnecido pelos Fócios, e iniciam o seu ataque por ambos os lados do estreito; os Gregos, cônscios de que não havia outra saída que não fosse a morte, pareciam não a temer e, segundo as Histórias, lutavam com ainda mais afinco que nos dias anteriores, causando grandes perdas entre os invasores.
Perante este último ataque dos Bárbaros, quebradas que estavam a maior parte das lanças gregas pelos machados dos Persas, os Helenos, cercados, enfrentaram por fim o inimigo com as espadas, numa luta corpo-a-corpo, falecendo assim de modo honroso. Dessa forma caiu Leónidas, no meio dos seus soldados, os quais, de acordo com Heródoto, ao verem o seu rei perecer, logo procuraram recuperar o seu cádaver, qual troféu de guerra que importava preservar ao máximo dos ultrajes que o inimigo lhe poderia provocar.
Com efeito, quando a batalha acabou, Xerxes dirigiu-se pessoalmente ao campo onde se travara peleja, procurando pelo corpo de Leónidas – o responsável pelo seu atraso na conquista da Grécia e pelo tão elevado número de perdas entre os seus homens –, ordenando de seguida que fosse decapitado e a sua cabeça empalada (facto que ditou, de acordo com a tradição, que a alma penada de Leónidas, vagueando no Tártaro, atormentasse Xerxes nos seus sonhos para sempre, não só por não haver celebrado as suas exéquias – parte integrante do riquíssimo ritual bélico da Antiguidade – como ainda por haver profanado o seu corpo).
Mas a salvação do corpo do seu rei não foi o único problema com que os Espartanos se debateram; a sua maior dificuldade eram as deserções que continuavam a verificar-se (Heródoto cita os nomes de dois Lacedemónios que teriam sobrevivido à batalha, afirmando mesmo que um deles cometeu suicídio por não aguentar a pressão da desonra, demonstrando assim que até entre os míticos Espartanos houve deserções, e que nem todos os Trezentos teriam morrido na batalha); a maior parte delas, porém, vinha do campo dos Tebanos, os quais, a meio da batalha, se viraram para o inimigo. Se essa traição teria sido já acordada previamente, se foi fruto puro e simples das circunstâncias em que a peleja se proporcionava, ou se se trata simplesmente uma invenção de Heródoto, não se sabe. Certo é que, segundo o seu relato, Xerxes, descontente, ordenou que metade dos combatentes tebanos fosse massacrada, e a outra metade escravizada – destinando-se o castigo a punir a demora no honrar do acordo de aliança celebrado.
[editar] As consecuencias

O desfecho da batalha parece ser, à primeira vista, uma retumbante vitória dos Persas. Mas bem observados os factos, esta vitória teve tanto de esmagadorra como de pírrica.
Faleceram nas Termópilas cerca de dois mil Gregos (muito mais que os míticos trezentos Espartanos); porém, antes de caírem mortos, os Gregos infligiram um elevado número de baixas no exércio persa (talvez entre 10 a 30 mil homens), isto para além de reterem a sua marcha durante vários dias; os homens e o tempo perdido nas Termópilas foram cruciais para o subsequente fracasso de Xerxes, pois nesse lapso temporal possibilitou-se a evacuação da população de Atenas (cidade que será saqueada e incendiada pelos homens de Xerxes – como represália por haver sido a grande responsável pelo dealbar da I Guerra Médica) para a vizinha ilha de Salamina, bem como a concentração das forças gregas remanescentes ao longo do Istmo de Corinto.
A batalha naval do cabo Artemísion, travada ao norte da Eubeia, escassos dias após as Termópilas, redundou num empate técnico, e só nos começos de Setembro se começou enfim a esboçar a derrota do Rei de Reis: o estratego ateniense Temístocles forçou a armada persa a entrar no estreito de Salamina; aí, as pesadas embarcações persas viram-se incapazes de manobrar diante das ágeis trirremes atenienses, tendo acabado aquelas por sofrer uma copiosa derrota, o que levou Xerxes a regressar à Ásia. No ano seguinte, a machadada final é dada em Plateias, nunca mais voltando a Pérsia a tentar invadir a Grécia Continental. As hostilidades prosseguiriam, no entanto, até à assinatura da Paz de Cálias, em 449 a.C., já durante o reinado de Artaxerxes I. O perigo medo, nunca completamente esquecido, só seria dominado cento e cinquenta anos mais tarde, quando Alexandre III da Macedónia, o Grande, invadiu o Próximo Oriente e conquistou o vasto império de Dario III.
[editar] Os motivos
A historiografia moderna acha-se ainda contaminada pela visão que o Romantismo oitocentista legou desta batalha: os Gregos, tradicionalmente desunidos, resolveram unir-se e lutar contra um inimigo comum, pois sentiam-se membros de uma mesma raça – afinal, partilhavam o mesmo idioma, prestavam culto aos mesmos deuses, e celebravam comummente, por exemplo, de quatro em quatro anos, os Jogos Olímpicos, o exemplo mais demonstrativo do pan-helenismo. Agora, uniam-se para lutar contra um inimigo comum, que teria vindo para os subjugar, fazer dos livres Helenos meros súbditos do Rei de Reis; mais do que isso, uniam-se para preservar, não só a sua liberdade, como também a mais original das suas criações: a democracia, que vigorava em várias das suas πόλεις. Para isso, um grupo de soldados de élite – movidos pela virtude do heroísmo, tão apreciada pelos românticos – teria preferido pagar com a vida a defesa desses ideais, tornando-se num símbolo de coragem, espírito de sacríficio, e de resistência ao invasor.
Não é crível que os Gregos tivessem a consciência de constituírem uma Nação, no sentido que modernamente se dá ao termo (sentido esse forjado a partir do século XIX, precisamente pelos românticos). De igual modo, também parece improvável que os Helenos tenham tido a real noção de que a luta que estavam a travar era, mais que a simples defesa do seu território, um confronto de civilizações, entre valores e ideias radicalmente distintas.
Mais, a liberdade e o sistema de governo dos Gregos não estariam assim tão ameaçados pelo Império Persa (o qual, se comparado com os que o antecederam – como o assírio ou o babilónio –, era relativamente pacífico e tolerante); de facto, os Persas não foram os tiranos a que a historiografia grega alude – o desconhecimento, de parte a parte, dos costumes e tradições de cada um dos lados, levou à formação de mitos sobre ambos os povos sem qualquer fundo de verdade. Dessa forma foi fácil ao Romantismo aproveitar esses dados para fazer persistir a imagem do Persa como opressor quase até aos dias de hoje, quando na verdade, os Persas protegiam os costumes locais (foi durante o domínio persa que, por exemplo, os Judeus deportados na Babilónia regressaram a Jerusalém para reconstruir o Templo), e tinham o cuidado de não impor, nem a sua língua (usavam o aramaico, lingua franca do Próximo Oriente antigo, como idioma da administração, e não o persa), nem a sua religião (o zoroastrismo) aos seus súbditos. Provavelmente o sistema democrático iria colidir com as noções de súbdito e de império, mas é bem provável que, à parte isso, os Gregos tivessem podido integrar-se, sem qualquer problema, naquele que tentou ser o primeiro grande império universal da História.
Quanto ao sacrifício dos Espartanos, tal deve ser entendido no quadro da sua própria mentalidade – como foi dito, estavam vocacionados desde a mais tenra infância para a vida militar, de tal forma que, muito provavelmente, a perspectiva de serem chacinados em combate não os terá perturbado minimamente (ainda que, não obstante, Heródoto documente dois casos de deserções entre os Espartanos).
[editar] Importancia militar
As Termópilas constitúen o exemplo, en termos de estratexia militar, de como un pequeno grupo de soldados ben adestrados pode ter, em circunstancias de desigualdade numérica, un grande impacto sobre un número de enimigos moito maior (tal como sucedeu tamén, por exemplo, no Álamo); porén, esta estratexia só é eficaz nun terreo desfavorable ó enimigo (campo pechado), pois, como foi dito, se a batalla fora realizada nunha planicie, facilmente os Gregos sairían derrotados.
[editar] Inspiración
O desenlace das Termópilas ten causado, ó longo da Historia, unha fonda impresión a diversos homes das letras e das artes.
Débese citar, entre os primeiros, ó poeta Simónides de Ceos, que escribiu un famoso epitafio que foi colocado no local onde se realizou a batalla (o cal aparece transcrito nas Historias por Heródoto), e que rezaba o seguinte:
- ´Ω ξεíν´, ´αγγέλλειν Λακεδαιμονíοις ´οτι τηδε
κείμεθα τοîς κείνων ρήμασι πειθόμενοι.
O que transliterado dá:
- O xein', angellein Lakedaimoniois hoti tede
keimetha tois keinon rhemasi peithomenoi.
E traducindo á lingua galega temos:
- «Estranxeiro, vai contar ós Lacedemonios que xacemos
aquí, por obedecermos as súas normas.»
(in Hélade, 6.ª ed., Coimbra, FLUC, 1995, p. 148).
Tamén Cicerón, nas súas TVSCVLANÆ QVÆSTIONES (I, 42), verteu este dístico ó latín, do seguinte xeito:
- DIC HOSPES SPARTÆ NOS TE HIC VIDISSE IACENTES,
DVM SANCTIS PATRIÆ LEGIBVS OBSEQVIMVR.
É dicir:
- Estranxeiro que pasas, di a Esparta ternos visto aquí xacentes
obedecendo ás santas leis da Patria.
O mesmo Simónides escribiu igualmente outro dístico, non tan coñecido, que canta o seguinte:
- Aquí combatiron un día, contra tres millóns,
catro mil homes de Peloponeso.
Tampouco lle ficou indiferente ó poeta portugués Luís Vaz de Camões, que alude a Leónidas I no paso de Termópilas no último canto de Os Lusíadas, estancia 21:
- «Ou quem, com quatro mil Lacedemónios,
O passo de Termópilas defende [...]»
O poeta inglés Lord Byron (coñecido polo seu filelenismo, que o levou á Grecia recén liberada do xugo otomán, a fin de loitar pola súa independencia – case unha redición do conflito entre Gregos e Persas na Antigüidade –, tendo inclusivamente encontrado a morte cando os Turcos puseron cerco á cidade de Missolonghi, en 1824) alude tamén ás Termópilas, nun excerto dun poema de seu, The Islands of Greece:
- «[...]
Earth! render back from out thy breast
A remnant of our Spartan dead!
Of the three hundred grant but three,
To make a new Thermopylæ!»
Unha referencia á batalla das Termópilas é feita tamén no himno nacional de Colombia, que reza o seguinte, na súa estancia IX:

- «La patria así se forma,
Termópilas brotando
constelación de cíclopes
su noche iluminó
[...]»
É aínda de destacar a coñecida banda deseñada 300, da autoría de Frank Miller (1999), asó como a obra de Steven Pressfield Gates of Fire. An Epic Novel of the Battle of Thermopylæ (1998).
No que toca ás artes plásticas, é de recalcar o óleo de Jacques-Louis David, datado no 1814, nos albores do Romanticismo. Está patente ó público no Louvre, en París.
A nivel do cinema, destaca tamén un filme realizado en 1962 polo polaco Rudolp Maté, The 300 Spartans.
[editar] Fontes
- Heródoto de Halicarnaso, Historias, Libro VII, 202-239.
- Diodoro de Sicilia, Biblioteca Histórica, Libro XI.
- Ésquilo, Persas.
- Estrabón, Xeografía.
- Isócrates de Atenas, Arquidamo; Panexírico.
- Pausanias, Descrición da Hélade.
- Plutarco, Apótegmas dos Espartanos; Apótegmas das Mulleres Espartanas; Antigos Costumes dos Espartanos; Da Malicia de Heródoto.